A Arca de Noé que virou Elefante Branco
Era um homem lunático e maluco que tinha um sonho. O sonho de esconder sua família que amava dos problemas da vida construindo uma Arca de Noé. Mas nenhuma Arca de Noé protege e salva uma família de seus problemas e contradições. Mas não é uma Arca de Noé para navegar no oceano. Foi construída uma Arca de Noé em Vinhedo, interior paulista, no meio de rodovias, de chácaras, de parreiras e vigiado por um Jequitibá gigante.
Quem construiu a Arca de Noé foi um médico nascido no interior paulista. A Arca de Noé tinha seis casas; campo de futebol que virou quadra de tênis; piscina; pomar; horta e uma casa de árvore. Mas nenhum bicho que entrar na Arca de Noé. A Arca de Noé virou um gigantesco Elefante Branco. Ninguém tem amendoim para ficar alimentando esse Elefante Branco.
Nenhum neto quer entrar na Arca. Nenhum filho quer entrar na Arca. Ninguém acredita em Moisés. Ninguém quer entrar na Arca furada. Um filho do maluco que é outro maluco quer construir uma Arca de Noé que virará um Elefante Branco lá em Santo Antônio do Pinhal, ilha da fantasia encravada e perdida entre as ondas de montanhas de Campos do Jordão e no mar calmo de planície no Vale Do Paraíba. Seus sobrinhos tem a vida construída em Brasília e não pretendem sair tão cedo de lá. Uma filha escolheu morar em Ilhabela para se esconder dos problemas da vida. Uma outra filha mora no oeste do Pará e tem casa e sítio em Florianópolis. Um outro sobrinho pratica caminhadas nos finais de semana. A mulher do médico, quando o mesmo morrer, não vai querer continuar na Arca. Depois que o médico morrer quem cuidará do elefante Branco.