A última chance 
 
O tempo estava acabando e Ana ainda não havia escrito nada, percebera que todos os seus concorrentes escreviam compenetrados. Sempre que ela iniciava uma frase, logo outras ideias e pensamentos emaranhavam e era como um corte em seu raciocínio. Não conseguia concluir as frases e então apagava e começava de novo. Quando parecia que ia fluir algo criativo, apareciam dúvidas em sua mente. Ana estava com medo, era competitiva e estava travada. Ela escutou um ruído, olhou para a lousa e observou que o professor havia escrito a seguinte frase: " As redações serão recolhidas até as 18 horas." Quando leu aquilo, ficou mais nervosa ainda; "Isso é uma comédia, não pode ser professor de verdade, esqueceu de usar crase". Quando se deu conta, faltava apenas trinta minutos para  finalizar a entrega das redações daquele concurso. E agora? O que fazer? Nunca havia desistido de nada, nem fora desclassificada de alguma competição. Aquela sala quente, com paredes brancas, mobília velha, pessoas estranhas, nada parecia inspirar. De repente, um insight! Escutou como se um anjo  falasse em seu ouvido " tenta de novo".  Então, Ana começou a escrever rapidamente sem interrupções. Escreveu seguramente e inspirada, convicta de que seu texto era bom e mesmo que não fosse classificada, era o seu melhor naquele momento. Colocou um ponto final e sem titubear escreveu o título: Aproveitando a última chance.