VIAGEM SOBRE O VELHO CHICO.
UMA VIAGEM NUM PAQUETE COM TODA FAMÍLIA.
Por Honorato Ribeiro.
Nos anos de 1940, meu pai num paquete grande e toda família descíamos rio abaixo serenamente, placidamente até que avistamos Angico, município de Carinhanha. Naquele momento, minha irmã, Sulina, deu um grito e disse: Pai, olha umas mãos postas e cabeluda ali. Todos nós vimos e meu pai tirou o remo da água e Ele disse: Psiuuu! Todos calados e as mão fizeram um redemoinho e sumiu para o fundo do rio. Meu pai encostou o paquete e nos disse: Ali era as mãos do compadre d`água. Ficamos todos assustados. Ali nós dormimos e cedinho, embarcamos naquela embarcação até avistamos Bom Jesus da Lapa. Descemos e fomos visitar a gruta do Senhor Bom Jesus. Todos nós oramos aos pés do Bom Jesus. Depois voltamos para a embarcação; descemos até Sítio do Mato e ali encontramos com todos os parentes da minha mãe. O destino do meu pai à sua terra natal, ficou ali naquele pequeno lugarejo por 4 anos e voltamos para Carinhanha.
Mas vou contar uma história do meu tio Venâcio Ribeiro, irmão da minha mãe. Meu avô, Pedro Ribeiro e sua família moravam do outro lado do rio Carinhanha, à margem, mas de Minas Gerais. Tio Venâncio Ribeiro, vinha de Carinhanha, pois foi fazer compra, numa canoa e subia o rio; mas, quando dobrou na entrada do Rio Carinhanha, ele com medo ia cantado. Naquele momento surgiu do outro lado um vagalume sobre o rio. Ele, então, disse zombando: Ei, vagalume do oião, eu não tenho medo de você, e repetia gozando. Quando ele viu, o vagalume veio numa velocidade pra cima dele e rodando a canoa zumbindo. Tio Venâncio encostou a canoa, pulou para o seco e pegou a espingarda e disse: Não vem não, que eu lhe atiro, mas o vagalume teimava em pegá-lo e ele gritava: Não vem não, que eu lhe atiro. Estava tão perto da casa dos pais que todos correram para o barraco e lhe perguntou: O que é, Venâncio!? Ele respondeu: É o compadre d`água que virou um vagalume e quer me pegar. Pegue seu punhal e finca na canoa que ele some. E assim ele fez e o vagalume desapareceu.
Há muito encanto no Velho Chico e o povo afirma que é o caboclo d`água, espécie de um homem de dentes afiados como a da piranha e as mão e pés é como a pata do pato. Ele é misterioso e vira qualquer coisa, ora uma moita, ora uma cabaça e ora um vagalume. Se pegar a pessoa, come e só deixa os ossos. Eu quando era garoto tinha muito medo de tomar banho no rio por causa do compadre d´água. Hoje só ficou na lembrança e tudo virou lenda. Mas um bom folclore para a nossa cultura ribeirinha.
hagaribeiro.