A lua que falava com jovens de amor.

Foi numa das angústias de meia-noite, que conversei com a lua, lembro-me que ela havia acabado de virar adulta, estava cheia e madura. Me apoiei com os cotovelos no mármore gelado da janela, observava o céu.

Estava difícil olhar para uma coisa só, pois eram tantas, mas tantas estrelas fixas naquele fundo negro, era também a lua que reverberou nos meus olhos, era o privilégio de fazer parte de algo tão generoso, o cosmos. Com isso, me pergunto: o que é mais natural que o facínio do ser humano pela grandeza do universo?

Comecei uma reflexão comigo mesma, pensando nas coisas naturais da vida. Mas a lua tão sensitiva, me atrapalha, a crise volta e o brilho dela ficou melancólico repentinamente. E tudo que ali eu via fez parte de mim, tudo parecia tão triste. Pensei: preciso de mais uma companhia (além da belíssima lua) para fazer parte disso. Então coloquei uma música, o instrumental era como o vento gelado e o vocal como açúcar.

Pimba! O cenário perfeito para sofrer. Meu peito pulsava lentamente de saudade pelo meu amado. Foi aí que ouvi um sussurro: por quem você está lavando os olhos querida?

Era uma voz feminina e deliciosamente doce, me passou confiança. Pergunto: quem é você?

- Ora, estou aqui em cima.

- Ah, lua querida, até você se comoveu com minha tristeza?

- Não comovida mas curiosa para saber o porque dessa melancolia. Por que está chorando minha querida admiradora? Por que sentes tanta dor assim?

- Estou amando lua, amando aquele rapaz dos pés a cabeça! Cada detalhe.

- Dos pés a cabeça? Cada detalhe? Ora ora, isso é coisa demais para amar.

- Não me importa, eu amo.

- Tudo bem, irei fingir que você sabe o que está dizendo. Mas afinal, amar assim anda lhe fazendo bem ou mal?

- Reclamo da dor que a ausência dele me causa, mas no fundo, gosto que seja assim. Amar sem sofrimento não intensifica a vida, para mim.

- Sua masoquista!

- Masoquista é meu sobrenome! Ora.

- Para mim, seu sobrenome deveria ser é louca!

- Ah, só se for louca por amor. - Num tom amigável, a lua ri.

- Esse rapaz deve ser muito bacana. Não é?

- Ah lua, e como ele é bacana! Parece até uma nova invenção, nunca vi homem assim.

- Conte-me sobre os olhos dele!

- São olhos castanhos e brilham como dois diamantes de canela.

Lua num tom risonho:

- Diamantes de canela? Que engraçado, Gaia nunca me apresentou isso.

Lua conversou comigo por mais alguns minutos, falamos de vários assuntos. Ela elogiou as flores que eu havia plantado em frente da casa, disse que combinavam com meu rosto, que tem fisionomia angelical.

Quando comecei a bocejar, Lua disse:

- Faça-me um pedido que eu o realizarei como um presente.

- Hum... e eu posso pedir qualquer coisa?

- Mas é claro, desde que seja feito com sabedoria.

Passei um bom tempo pensando, pensando e pensando. Até que finalmente havia decidido com sabedoria. E encarando a lua eu disse:

- Eu desejo, viver intensamente até meu último suspiro de amor.

Patricia Gonçalves
Enviado por Patricia Gonçalves em 06/07/2019
Reeditado em 10/08/2019
Código do texto: T6689520
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