Má sorte
Caía do céu fina garoa no início da noite fria.
Um homem segurava seu guarda-chuva com as duas mãos, apertava o cabo removível e pontiagudo de marfim encurvado para cima. Trajava um sobretudo, chapéu, sapatos e luvas tudo na cor preta.
Ele olhava para os pés ouvindo os pingos de chuva baterem nos bicos de seus sapatos e pensava numa cena de filme onde se passava um luxuoso funeral, seu próprio traje e uma lápide a sua frente.
Mas para ele, infelizmente não era o que acontecia.
Era só uma noite atípica. Não haviam multidões nas ruas, apenas algumas pessoas correndo da chuva, entrando em seus carros com pressa enquanto ele se desapontava.
Frustrado, voltaria para casa sem ter encontrado a vítima perfeita, o que era um grande abalo emocional para um psicopata perfeccionista em plena noite chuvosa.