O Encontro
Ela estava ali sentada,bem à vontade,olhando para fora . Era uma sexta-feira chuvosa e a temperatura estava caindo. O outono chegara . Às vezes,ela aparecia ali.
Quando sentava-se naquela poltrona-sofá a espera da encomenda, seus pensamentos iam longe e era a oportunidade de resolver alguns assuntos e ver o que ainda não tinha feito nesse dia. Estava espetacularmente bonita para uma sexta-feira friolenta , pois a combinação de camisa social rosa clara com calça preta e botina lhe caiu muito bem . Até recebera elogios. E olhando para fora,foi que viu ele chegando da rua. A princípio,pensou que estava enxergando mal ou imaginando. Mas ao olhar fixamente para ele,viu que era real.
E como uma exclamação mental,disse para si “É você? Não é possível!” e seu coração disparara e a respiração acelerou. Parecia aquelas histórias de romance , tipo “Cinco Minutos”, de Machado de Assis,só que real. E um flashback passou na sua cabeça. Todos os momentos bonitos e divertidos juntos ,a perseverança em melhorar cada vez mais ,o gosto quase excessivo por manga , as conversas intermináveis de trabalho... tantas lembranças.
Ele também notou e antes de entrar e trocar os sapatos por botas, pois ia viajar (sempre achava mais confortável e seguro).
Então,ela levantou-se ,pegou a encomenda e despediu-se. Ao sair,topou com ele na porta e foi aí que ela teve certeza que era ele,pois ele lhe perguntou “ Tudo bem?Reconheceu depois de tanto tempo...eu senti...não mudou nada. Olha e não fala ,só se preciso,como antes , não quer atrapalhar...o mundo é pequeno mesmo...eu vou..." Só o que ela conseguira dizer foi um “Tudo bem “ e seguiu caminho. Sabia que era falta de educação não parar e conversar com ele, mas a emoção era demais,era quase dez anos ou um pouquinho mais sem se verem ou saber notícias e também ele estava acompanhado.
Alguns metros mais,sem olhar para trás,só ouviu uma voz feminina perguntar para ele ,” O que foi?” . A resposta que se escutou foi “Nada... o mundo é mesmo pequeno... eu vou..." E as lembranças voltaram e acompanharam durante todo dia,porque seria difícil esquecer mais uma vez esse homem tão bonito,loiro,olhos verdes,uma doçura de pessoa e lembrar que se davam tão bem,como almas gêmeas e que o destino encarregou –se de fazer esse encontro novamente.
Soube dias depois,que ele perguntou onde ela morava . Queria voltar para conversar , porque não tinha a esquecido todo esse tempo, mas dessa vez sozinho.