Felício descia do ônibus de trabalho, frente ao Bole Bole, para tomar “sua Liberdade”. Anabel, sua esposa, já tinha se acostumado. O dono do bar era amigo e cúmplice desde à adolescência, época de grandes paixões. Uma delas, Felício jamais esqueceu e desde que voltou da Austrália, a encontrava. Simone era sua paixão, mas não foi aceito por seus pais: apenas um caminhoneiro de pele escura. Feliciano prosperou na engenharia e se casou, mas nunca a esqueceu. Ele não conseguia se conter e para disfarçar, ao falar dela a apelidou de Felicidade. Ele de Borboleta e o amigo do bar, bolha de sabão. Numa noite, estavam conversando quando um rapaz (cabelos longos a alpargatas) pede uma catuaba, duas, três, festejando a aprovação no curso e a formatura. Já alterado, solta: - Quem entende da felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão. As bolhas têm um caso de amor com ela, enquanto as borboletas voam. Felício olhou para o amigo esperando uma resposta. - As suas bolhas fazem coceguinhas na felicidade? Perguntou, olhando pro dono do bar. Desconfiado, Felício pergunta: - Quem é Felicidade? Respondeu ele: - Mora do lado. Já pensando que armaram pra ele foi pra cima do bêbado. Ele olhou nos seus olhos e: - Voltaire! E deu risada. Felício, deu-lhe uma bofetada e perguntou o que era aquilo e o rapaz respondeu: - À filosofia um brinde! Felício foi embora desolado. Dia seguinte a notícia: o rapaz formava-se em filosofia e seu TCC foi sobre Voltaire e a célebre frase: “Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão”. - Quem deve teme! Disse ele, acuado. Quase perdeu um amigo na filosofia de boteco.
Desafio Bviw - De uma Filosofia, um conto. 18 linhas (2 excedentes)
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