O GIRASSOL

A natureza é um lugar muito rico, onde vivia um lindo girassol. Como de costume, estava sempre de frente para o sol, dando as costas para todo o resto.

Seu nome era Van, era lindo com um amarelo cheio de vida. A única coisa que importava para ele, era a luz do dia. Dizia a si mesmo que sem o sol, ele não seria absolutamente nada. Quando escurecia, Van perdia a alegria, todas as noites eram tristes, por longas madrugadas ele não conseguia conter as lagrimas.

Van nunca se importou em ter amigos, nem ao menos tentou puxar assunto com alguma outra planta, ou até mesmo algum inseto que algumas vezes pousava em cima dele. O sol era o único amigo que ele dizia se importar, ele dedicava todos os seus pensamentos a ele.

Van gostava de cantar e dançar, todos os dias eram eternos, pois não seria possível viver o mesmo outra vez. Cada dia era uma nova chance de admirar a luz do sol. Nas manhãs de sábado o sol sempre estava mais quente, e Van adorava os sábados. O dia em que os pássaros cantavam com mais vigor, e o vento era uma calmaria, as frutas em suas arvores ficavam com uma cor mais forte, mais viva. As formigas saíam todas juntas para buscar alimento, mas parecia que elas estavam indo para uma expedição arqueológica, sempre uma estava na frente do grupo dando as instruções. Também nos sábados, dia em que todas as plantas do jardim eram regadas, rosas de várias cores, orquídeas, flores lindas para todos os lados. Van era o único girassol do jardim, todos admiravam sua beleza. Mas nada importava, o sol ainda era sua fonte de felicidade.

Em estações chuvosas, Van se fechava, e chorava pois o sol não brilharia para ele. Enquanto Van se fechava, os insetos brincavam com à água que escorria por cima das folhas com toda alegria. Mas Van se recusava, não se abriria até o sol voltar.

Muitos seres são desta forma, Van era mais um que não enxergava a própria beleza, depositava toda a sua felicidade em algo que não estaria junto a ele sempre, Van esquecia de sua própria vida. Certo dia, logo pela manhã, o céu estava fechado, o vento estava forte, assim como Van, todas as plantas se fecharam, os insetos não saíram das tocas. A chuva aumentava a cada minuto, o céu estava muito escurecido. O vento começou a derrubar vários galhos, algumas flores voaram junto, tudo estava sendo destruído. Ao fim da tempestade, o sol brilhou de forma meio apagada, mas Van se alegrou. Enquanto ele estava ali, encarando o sol, o restante das plantas se ajudavam, os insetos tentavam reconstruir tudo em volta. Van nem ao menos olhou para os lados, ou para trás. Uma joaninha se aproximou de Van dizendo:

- Ei, girassol. Você não vai ajudar ninguém?

Van olhou para o lado e viu toda destruição, percebeu que não estava sozinho. A partir dai, os pensamentos de Van já não eram totalmente sobre o sol, ele quis ajudar, porém sentiu vergonha por nunca ter olhado à sua volta, todos sempre estiveram do seu lado.

Assim como muitos seres, Van foi egoísta, se importava apenas com o que iria fazer bem a ele. Se passaram dois dias após o acontecido, Van ainda encarava o sol, mas não da mesma forma. Ele perguntava a si mesmo, por que foi tão insensível com os outros. A semana passou, a sexta-feira chegou outra vez, para Van tudo em volta parecia fazer mais sentido, então o sábado que estava próximo, não o interessava da mesma forma.

O dia passou rápido, logo já estava amanhecendo outra vez, o sábado chegou. O sol estava lindo, os pássaros como de costume cantavam pela manhã, as formigas saíram para mais uma expedição, as joaninhas brincavam, não havia nada errado. A manhã passou, já eram exatas três horas da tarde, todos estavam tirando um cochilo, enquanto Van pensava o que deveria fazer. O barulho de uma porta abrindo, fez com que todos acordassem, olharam para onde a porta estava, algo se aproximava, todos então correram para se esconder. Alguns segundos a porta se fechou outra vez, as joaninhas foram as primeiras a sair. Viram uma luz branca onde havia um vaso que já estava vazio a algum tempo. Era uma linda rosa branca, todos então saíram para olhar, e admirar aquela beleza.

Mas quem de fato era aquela linda rosa? De onde ela veio, e como chegou naquele jardim? Van então percebeu que todos estavam estranhos, todos conversavam ao mesmo tempo. Então olhou para o lado, e viu aquela luz branca. Ficou paralisado, tentando entender como era possível ela aparecer assim, e como era possível existir tanta beleza em uma simples rosa.

A tarde estava no fim, e o pôr do sol já era nítido. Todos já estavam se recolhendo, mas Van só pensava em chegar perto dela. Quando todas as luzes foram apagadas, e havia apenas o brilho da lua, van começou a chegar perto lentamente. Quanto mais perto ele chegava,

mais ele queria chegar. Então tentou chamar a atenção da rosa:

- Psiu... - Van não sabia como conversar com ela. Apenas perguntou o seu nome, e ela respondeu:

- Eu sou Llian.

Eles apenas ficaram se encarando por longos minutos. Van claramente não sabia lidar com tanta beleza, já estava completamente apaixonado. Llian era tímida, e também nunca soube lidar com esses encontros inesperados. Aos poucos eles começaram a conversar, o sentimento despertava em ambos os lados, as horas foram passando, logo iria amanhecer.

Van já tinha contado tudo sobre ele e o sol, dizendo o quanto o sol era importante para que ele se sentisse feliz. Llian disse para Van que a beleza que estava nele, era muito maior que o sol, repediu várias vezes que ele não precisava do sol para ser feliz, o amor que estava nele, já era mais que suficiente.

Então o dia amanhecer, Van olhava apenas para Llian, dando as costas para o sol que estava distante. Van refletia sobre o que ela havia dito, e chegou a conclusão que o amor em seu interior, era enorme, e que precisava se importar com os outros. Assim como outros seres, Van precisou sair de seu conforto, para sentir o que realmente era a felicidade. Ele prometeu a si mesmo, que

iria ser diferente, e ajudaria a todos.

A porta se abriu novamente, Van estava fazendo um buquê para Llian, junto com um bilhete escrito: " Você é a flor mais linda de todos os jardins, e eu quero te amar. Sua luz interior exala uma fonte admirável e, eterna de felicidade." Mas foi pego por algo que o levou, e ele não conseguiu entregar para ela. O buquê de galhos secos, caiu no chão, todos olhavam sem saber como ajudar, Llian apenas chorava e olhava para Van. O desespero tomou conta de todos, e Van apenas gritava alto, era um sincero pedido de socorro.

Por fim, Van foi levado para uma sala, e entregue para algo que ele não conseguiu ver. Por um furo na sacola em que ele estava, conseguiu ver uma placa escrita:

" Floricultura ".

Ele foi vendido...

(Me perdoe se ainda conter erros de ortografia, eu reviso sozinho, por algumas vezes os erros passam despercebidos. Muito obrigado!)