Em maio, a loucura
                       
  "A lucidez alucina" ( Orides Fontela )

    
    Desde o início do mês de maio, principiou a falar com o pai, olhando o seu retrato sobre a antiga escrivaninha. A sentir  outra vez o sofrimento do seus últimos dias de  vida  neste mundo complicado. A  acordar  sombras de casas vazias. A acreditar na veracidade de estranhos fenômenos: objetos lançados nos ares, transpondo obstáculos, enviesados, pousando intactos no piso. A crer que, por ele nunca ter feito uma maldade que fosse,  mesmo que ínfima, era uma espécie de anjo.
       Agora, todos os dias, perscruta o céu noturno. Qual será a estrela dele?