No primeiro ano de faculdade já sabia o que queria. Os livros de Sigmund Freud na cabeceira marcavam a sua paixão pela psicanálise. Formou-se bem cedo e começou a trabalhar numa favela. Lá aprendeu muito sobre os conflitos e a vulnerabilidade social. Numa manhã de domingo decidiu mudar os rumos, pegou o GPS, fechou os olhos e fez um zoom na tela, apareceu Alameda das Palmeiras e ela acatou a mensagem do universo: Criou lá seu núcleo de atendimento. Tudo indo de vento em popa a ponto de, marcação de horário, apenas com desistência. Exceção apenas em casos de grande repercussão e foi isso que aconteceu no dia 13, sexta-feira. A primeira paciente chegou adiantada. Sentou no divã e começou a discorrer sobre seus traumas. Desde que foi apriosionada no guarda-roupas jamais conseguiu superar. Não aceitava a ideia que tinham disseminado de sua quase morte fantasiosa. A segunda paciente, estava à caráter, com um vestido azul lindíssimo e com os cabelos louros que pareciam linhas douradas, não aceitava a ideia de viver no país das maravilhas, parecia fraude, ainda mais depois de ter sido levada por aquele buraco profundo. O terceiro, não se aceitava como era, amadeirado, mesmo tendo sido idealizado pelo grande mestre e amigo. O quarto, revoltado, queria saber de onde tiraram aquela ideia de que as botas lhe eram importantes, como se lavaria? O quinto e último foi taxativo: Por que Jane? Depois de ter que lidar com tantos conflitos e com a cabeça fervendo sentou-se no próprio divã e começou a divagar quando foi interrompida: - Mãe, mãe, acorda. Hoje vai ser da Bela. E ela acordou assustada, na cama da filha, depois de ter dormido enquanto lhe contava histórias da Chapeuzinho Vermelho, Alice no país das Maravilhas, Pinóquio, O gato de Botas e Tarzan, nessa ordem, logo após chegar da clínica. Só Freud explica!
Desafio Bviw- tema livre
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