Homem Triste
Tudo igual, vida cinza, nada de novo. O eterno travo na garganta, a mesmice de sempre, o tradicional tédio, a ausência de qualquer resquício de aventura. Sentia-se um ser apagado, sem cor, aliás, um homem cinza. medíocre, totalmente anônimo, Um inútil. Inútil e irrelevante.
Tomou um ônibus, sem nem se interessar para onde se dirigia. Não importava.Ia e voltava. Voltava sempre para o mesmo lugar. Maquinalmente. Não, não exercitava a memória. Recordar o quê? Fora sempre o mesmo, um apagado, incapaz até de transgredir qualquer norma. Um meni que nunca fez uma travessura. Um maricas. Era daqueles que gritava; - Ordinário, marche!, e ele saía marchando feito uma marionete, sem contestar, sem protestar, apenas marchando, um dois, u dois... Pensava: - Nunca tive opinião, ideal, vontade. Nunca tive sequer um pequeno vício um só prazer. Pior; nunca tive sonhos. Sim, casei, tive filhos, mas tudo mecânico, maquinal, sem amor, ternura, carinho, amor. Não, nunca pensara, pensavam por ele. Aga como se fosse biruta de campo de aviação, mudava de acordo com o csmar dos ventos, não, nunca fora contracorrente.
Voltava sempre, sempre, sempre ao mesmo lugar, àquele vidinha sem graça, cinza. às vezes seu único consolo era o fim, quando partisse, quem sabe, para outro plano de vida. Mas nesses instantes sentia m temor: temia que os homens tristes e cinzas não tivessem direito nem à vida eterna fossem para o limbo da mesmice. Tudo igual, cinza.
Era um home m muito triste. Inté.
P.S. Conheci e conheço alguns. Juro.