Dalena morava no interior de Minas e sua programação diária era visitar a Igreja dos Passos. Estava a caminho quando, passando de frente da casa de Perina, uma jovem “estranha” que sempre vestia preto, calças rasgadas, blusas masculinas com dizeres de músicas de rock e piercings e tatuagens pelo corpo, escutou uma conversa:
 - Esconde o corpo, esconde o corpo.
- Mas como? Não tem jeito. Ainda mais nesse estado. 
- Se você não esconder o corpo vai se ferrar, cara. Deu a louca, agora vai ter que se virar.
Dalena, embora atrasada, não conseguia sair da janela, fingindo mexer na bolsa, como quem perdeu alguma coisa. 
- O sangue está jorrando. Pega uma toalha. Enrola alguma coisa. Antes que alguém chegue.
A velha Carola pegou o celular e ligou pra polícia. Disse o endereço e que não poderia se identificar. A viatura chegou em 12 minutos. Ela observava da janela, do outro lado da rua. Os policiais bateram na porta e de repente Perina abre e pós alguns minutos eles entram. Depois de um tempo saem rindo. A velha à espera na porta, pergunta:
- Aconteceu alguma coisa com Perina, minha neta emprestada. O policial soltou:
- Recebemos uma denúncia que sua neta estava escondendo um corpo no quarto, mas quando chegamos, foi nos mostrar que estava fazendo fotografias para seu blog e tendo feito abdominoplastia, contrária às ideias propostas por um patrocinador, não poderia aparecer, sequer mencionar, precisava esconder “corpo”. É muita falta do que fazer de quem fez o trote. Mas vamos tentar rastrear o telefone de onde partiu.
A velha saiu correndo com o terço na mão, pedindo clemência à Deus até chegar em casa para jogar o chip fora, e com ele, sua culpa. 

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 22/05/2019
Reeditado em 22/05/2019
Código do texto: T6654022
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