Quem matou...

Em um reino muito distante vivia-se a alegria: algo como o reino da fantasia. Localizado em região privilegiada – matas e oceanos ao alcance de todos. Somente o pedágio cobrado deixava alguns sem estas belezas naturais, mais eram poucos.

Mas para suprir esta impossibilidade o povo alegre e humilde praticava muitas distrações.

Entre outras duas se destacavam: a novela se desenrolava dia a dia. E o futebol, disputado duas vezes por semana durante todas as estações do ano.

No ápice das novelas e dos campeonatos, multidões lotavam o transporte público para chegar cedo em casa e assistir mais um capitulo imperdível, afinal, o final se aproximava. Outros, da mesma forma, para assistir o jogo do meio da semana...

O conselheiro do rei coincidentemente conseguia aprovar rapidamente o aumento de impostos e dos combustíveis nestes períodos. O povo entusiasmado não prestava atenção nestes detalhes e aceitavam a quantia imposta.

Toda véspera de uma final de campeonato ou de novela, era o momento ideal o conselheiro solicitar a criação de mais impostos. Novamente o povo não questionava - envolvidos em outro movimento de massa estavam preocupados apenas com quem vai ser o novo campeão do futebol.

A novela se desenrolava – de um lado quem matou quem? Do outro quem joga contra quem?

No dia esperado as duas torcidas de olho no último capitulo. Alguns sentados no estádio e outros em frente às telinhas de suas casas...

De repente tudo treme – as telinhas se quebram e os holofotes dos campos anunciam o apagão. O avião arremete para fugir do tufão...

Um cidadão a ser decorado, mesmo com o vento forte, liga o gerador reserva e o juiz apita: mais um capitulo da nossa vida...

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jaeder wiler
Enviado por jaeder wiler em 23/09/2007
Reeditado em 24/09/2007
Código do texto: T665384