Salto mortal sem rede
Sabia que não tinha alternativa. Era vítima de uma crônica de morte anunciada iminente, sentia medo, aquele friozinho na boca do estômago, as pernas fraquejavam e bateu uma leve tontura quando subiu os degraus até onde estava o trapézio, evitou olhar para baixo. A platéia estava excitada ansiosa, esperando pelo salto triplo mortal. Fazia silêncio, mas de vez em quando urrava, exigindo ação, da mesma forma que há muitos e muitos anos fizeram, na arena romana, exigindo a soltura dos leões para devorar os cristão. Ora, agora estavam no Grande Circo Brasil , o povo queria imediatamente diversão para esquecer o pão escasso e os robmemas de sobrevivência. Queriam o sacrifício, faziam o mesmo que fizeram quando preferiram Barrabás a Jesu Cristo.
Chegou ao ponto onde ficava o trapézio onde iria executar o triplo salto mortal. Tinha certeza que o trapézio estava com problemas, gasto demais, haviam feito uma gambiarra nele. Sabia que realizar o salto seria uma loucura forçada e, ior, não havia rede. Respirou fundo, antes de executar o salto mortal. Chegou a hora de saltar no ecuro, no vazio. Os tambores rufaram, fz-se total silêncio. Mas mesmo ávida e exigente ela, a platéia, não iria poder pedir bis. O trapezista havia pulado e se espatifado no chão. Morrera. Acabara o show.
Seria o trapezista um alegoria da democracia? Não sabemos , esperemos pelo senhor tempo, ele é o senhor da razão. Inté.