Sociedade margarina
O ser humano virou margarina. Um produto gorduroso, seboso, que derrete, de má qualidade e baixo valor. A escola e a universidade se transformaram em um fast food onde se formam pessoas opacas e cabeças ocas que não sabem nem pensar, nem ler e nem escrever. A escola é uma prisão onde a criança vai para comer porque não tem comida em casa. Porque se os pais compram comida em casa não sobra dinheiro para pagar o aluguel. A universidade é uma prisão que formam profissionais que se tornam robôs, destinados a serem apêndices de instituições e escritórios que vai pegar seu cobre para consumir casas e carros. A margarina pega seu quinhão para realizar o fundamentalismo do consumo e o fetiche de adquirir a mercadoria.
O hospital é outra prisão que vende a cura e o tratamento para as doenças. O hospital é a última prisão antes da morte. A doença é uma mercadoria que precisa dar lucro para o dono do hospital. As margarinas precisam fazer plástica para ficarem mais saborosas, gostosas e vaidosas para a sociedade.
O casamento é uma prisão. O casamento margarina é aquele onde se vende a felicidade na embalagem e se paga caro pela tristeza no seu conteúdo. No casamento o que importa é o conteúdo e não a embalagem. A mulher margarina é aquela que cuida do lar e dos filhos e satisfaz o marido na cama. Marido margarina é aquele que sustenta a mulher e os filhos com bens materiais e satisfaz a mulher na cama. Filho margarina é aquele que tem que estudar e arrumar um bom emprego como médico, advogado e engenheiro para ter algum valor e ser alguém na vida. Aquele que tem que casar com uma mulher aprovada pela família e ter filhos com ela. É aquele que tem que comprar a casa e o carro que os pais mandam. Vira um capacho da família sem vida própria. Uma margarina produzida pela contradição de seus próprios pais.