PARA O PRIMO BASTARDO DE CHRISTIANE F. E O DO VALLE
Porque era sábado, o fim da noite de um sábado que marcava o fim do verão. O tempo transcorrendo. Eles iam junto com o tempo, iam sendo.
Em sábados, dia em que as pessoas colocavam toda sua neurose urbana para fora, percorrendo os bares da cidade deserta, eles, olhavam-se, tocavam-se e renunciavam aos sábados para permanecer naquele lugar, no centro da sala, ouvindo um velho Pink Floyd, o disco desgastada, que cantava sobre saudades, ausências.
- Você também - disse ele, de repente, como quem para no tempo.
- Eu também - respondeu o outro, como quem acaba encontrar algum vestígio de conforto em um sábado, de noite, em uma cidade deserta, deitado sobre o obro de outro ser.
Alinharam a luneta para conseguir observar Vênus, perdida, em um céu escuro, negro, embora brilhante.
Amanhã: domingo, a cidade estaria cheia de latas de cervejas, pontas de cigarros e o lixo das pessoas felizes.
Mas, amanhã; hoje, agora, iriam caminhar em direção a Vênus. Quem sabe chegariam em Júpiter. As almas puras, as transas que são outras.
Vênus e Júpiter.