ALOUETTE.
Pesadas asas, que hoje, cansadas, não conseguem voar. Por tantas Primaveras, sonhara a Cotovia, nos Céus do infinito azul, ser um Anjo a cantar. Hoje, pesadas são as asas. E o canto, que outrora encantava, desafina um pranto nas manhãs dum outono, de folhas secas a voar. Pássaros e pássaros assistem comovidos à dolorida cena e tentam ajudar. "Voa Cotovia! Já não há mais gaiola, nem grades de proteção! Voa Cotovia!" E ela, num esforço sem igual, abre as asas num gesto de coragem e decisão. No entanto, seu voo é baixo, e ela vai ao chão. Segredou-me então, a Cotovia, que ainda sabia voar, mas era preciso paixão. Disse-me também, que o voo perfeito só é aprendido quando ensinado pelo coração. Pobre Cotovia, ainda acredita alçar alto e longo voo, num azul Primaveril, nas asas do Amor, do seu Rouxinol.
Elenice Bastos.