O visível invisível
Certa manhã ao caminhar apressada pela calçada,fui abordada pelo sr. Jair. Um gari,dos mais antigos da cidade. E ele sem querer,nos trouxe para uma realidade quase imperceptível aos nossos olhos: as pessoas visíveis invisíveis. Só pelo fato de um bom dia.
O que o sr.Jair disse fez pensar numa questão muito séria e até ridícula - " não precisa cumprimentar,não tem nada,ninguém enxerga". Podemos enumerar várias palavras aqui para explicar essa frase,mas nunca conseguiremos ter uma palavra que defina isso exatamente,pois a nossa sociedade está por demais arraigada em princípios e valores quase imediatistas e mascarados e seculares. Difícil mudança.
Em nossa sociedade está bem definido o papel de cada um e a necessidade que representa um para o outro. É como uma engrenagem: um não vive sem o outro. Mas a maioria de nós esquece o papel que certas pessoas exercem em suas vidas,indiretamente. Pessoas visíveis invisíveis que estão sempre ali limpando,zelando ,em silêncio.Por quê? Porque aparentemente exercem funções não tão glamurosas, muito inferiores aquelas de nível superior ou mais.
Os mais antigos e sábios sabem o que os mais novos renegam. A educação com o próximo. Cumprimentar outrem não nos tira pedaço e nem nos desmerece em nenhum lugar ,com nenhuma pessoa . É o nosso caráter,nossas atitudes que nos mostram,nos dizem muito de nós. O velho ditado de tratar alguém como você gostaria de ser tratado está um tanto esquecido. E não podemos colocar toda a culpa nesse novo século, das tantas mídias ,da falta do tempo,do stress da vida moderna e aí vai. É simplesmente a educação repassada por nossos pais e avós que nos definem quando abrimos a porta de casa e seguimos nossa caminhada diária.
Então,o que podemos tirar desse inusitado e rápido encontro é que a vida é uma caixinha de surpresas a cada dia,porque o sr. Jair ,hoje,nos deu uma verdadeira lição,na sua humilde simplicidade: uma aula de cidadania. Depende de nós as escolhas diárias,de tornar o visível invisível sempre ou o contrário.