O CIRCO & O PALHAÇO

20 de março - DIA NACIONAL DO CIRCO

Data escolhida relativamente contemporânea, ainda não centenária. ABELARDO PINTO, o palhaço PIOLIN, foi considerado o símbolo da Semana de Arte Moderna, em1922, e emprestou sua data de nascimento para o Dia Nacional do Circo.

1-O circo teve origem há mais de 200 anos a. C. - evitava atos revolucionários ou insurreição contra os governantes (relativa inversão no século XXI em muitas partes do mundo... e agora é o o povão quem ri!), naquela época fornecendo ao (eterno pobre e frequentemente iludido) povo PANIS ET CIRCUS (pão /sem recheio/ e circo), já naquele tempo era assim... ----- A palavra 'circo' vem do latim "circus", lugar onde as competições se desenrolavam, e era dividido em 3 partes: arena (pista), anfiteatro (arquibancadas) e cavalarias. O centro era cortado por um embasamento, enfeitado com estátuas, altares, colunas e obeliscos; nas pontas, dois carros de madeira que os de corrida deveriam contornar. Espetáculos sangrentos: corridas de carro puxadas por 2 ou 4 cavalos (bigas), combate entre gladiadores, entre homens e animais (cristãos X lobos famintos) ou animais entre si. Com a queda do Império Romano, a Igreja proibiu tais espetáculos pagãos, que à revelia continuaram em praças, feiras e mercados. ----- A expressão PANIS ET CIRCUS teve origem na obra "Sátiras". de JUVENAL, mais precisamente na Décima (X, 77-81). ----- Cinema norte-americano, companhia Metro Goldwinn Mayer, aquela do 'leãozinho'... - num sentido geral, 12 filmes do gênero épico-bíblico, comunicação de massa entre os anos 40 e 60, amostra das 'barbaridades" romanas: Quo vadis? - Sansão e Dalila - Os dez mandamentos - Barrabás - Ben-Hur etc. -----

2-Circo TRAPÉZIO, fundado por LEONARDO ROMEU CERICOLA, que veio para o Brasil trazendo a sua magnífica arte - 100 anos em 2007, atualmente quinta geração de artistas da familia Cericola. ----- "Enquanto houver criança, haverá circo." - Frase de WILLIAM CERICOLA (trapezista e professor da arte circense, filho de Leonardo. ----- Contemporaneamente, as novas companhias não são de famílias circenses tradicionais - artistas vêm do teatro, da música, da dança... e trazem uma bagagem nova. Mas, debaixo da lona, é circo, arte nobre!

3-BRINCADEIRA: /diálogo gritado - uma pessoa + coro/

"Hoje tem espetáculo? Tem, sim, sinhô! Hoje tem marmelada? Tem, sim, sinhô! E a moça na janela? Tem cara de panela! E a moça no portão? Tem cara de mamão! E o palhaço o que é? É ladrão de muié!"

4-Os PALHAÇOS mais antigos eram gregos e romanos, da Antiguidade Clássica, presentes nas pantomimas, geralmente com imensas carecas, roupas largas e coloridas, aprontando situações cômicas, divertidas, por vezes grotescas. Na Idade Média participavam de farsas ou como bobos (porém sabidos e politiqueiríssimos! / o tempo não para... nada muda) da corte - na commedia dell'arte, apresentavam-se em espetáculos de teatro ao ar livre e feiras, ao lado de saltimbancos (elenco de artistas populares itinerantes / assaltante de banco é 'outra' coisa...) e muitas vezes falsos adivinhos ou jogadores charlatães. Improvisados diálogos entre Pierrô e Arlequim em tornos de Colombina, a favorita de ambos. O nascimento do palhaço na arena está ligado ao inglês PHILIP ASTLEY que fundou o primeiro circo em Paris, 1744 (ou 1767?) - inicialmente o circo destinava-se apenas a exibições de arte equestre, mas o público se entediava nos intervalos, daí foram introduzidos números de saltimbancos, depor se incorporaram /futuros tradicionais/ malabaristas, acrobatas, trapezistas, ginastas, aramistas e, principalmente palhaços, os reis do espetáculo. Diz-se que "rir desopila o fígado"... Animais amestrados a partir de 1788. (Se "exagerados" não censuraram, havia um mini espetáculo de patriotismo, não deixa de ser: 7 ou 9 (variavam) elementos quase humanos. Pediam silêncio geral e espectadores se calavam. Miquinha-marinheira, vestida e com luvas brancas, carregando aquela mundialmente conhecida bandeira verde-amarela, seguida de miquinhos naquela sedutora farda branca de gola quadrada, uns com a mão no peito e outros tocando tambor, ao som de "Ouviram........." A plateia do circo aplaudia de pé porque era cena de fato muito emocionante... Não a 'consciência' dos animaizinhos sobre o ato cívico, mas conscientes de um ato de mostrar ordem, progresso dos novatos... e inteligência.) A dupla de comediantes era composta de CLOWN (nome mais tarde popularizado para CLÓVIS, figura depois modificada para carnavalesca, o popular "Bate-bola"), cara branca e roupa com lantejoulas, e o AUGUSTO (ironicamente, nome de muitos nobres desde séculos remotos), esfarrapado, deselegante, roupa larga, careca, sapatos enormes (mais tarde, chaplinianos) e maquilagem engraçada (lembram os olhos de CARLITOS?). Personalidades diferentes: o clown era o patrão, a autoridade e sempre (imaginava que) sabia tudo; o augusto tentava imitar o outro, mas sempre errava e enfurecia o parceiro - mesmo atrapalhado, era sempre o vencedor das peripécias... /Ah, nossos inesquecíveis DEDÉ e DIDI MOCÓ!!!/ ----- "Apesar do apelo que remete à infância, não é todo mundo que gosta dessa figura brincalhona, para uns personagem 'subversivo' (palavra feia, horrorosa mesmo), fora de controle. Há uma teoria para o medo gerado: casos menos graves, coutrofobia (termo psiquiátrico usado para medo de palhaço, em criança ou adulto), pode ter a ver com este caráter que subverte a lógica no mundo, pois ele é o contraponto de todas as outras atrações, que são exibições de prodígios - a performance do palhaço explora o erro, o inesperado." - Palavras de RAFAEL GADELHA, que desde os 5 anos conhece o ofício por meio do ator e palhaço MÁRCIO LÍBAR (autor do livro "A nobre arte do palhaço").

5-POEMA: "O CIRCO CHEGOU - De onde vem esse cheiro novo / esse cheiro de aventura? / E esse brilho, esse barulho / embrulhando a manhã? / Vem de onde, vem de onde / essa vontade de dançar? / Até as nuvens, ansiosas, / fazem fila no céu / pra ver o que que há. / Foi o CIRCO que chegou / espalhando na cidade / um ar de felicidade." - ROSEANA MURRAY.

6-Hunter Doherty "PATCH" ADAMS é um médico norte-americano, nascido em 29 de maio de 1945 (sortudo e bravo Geminiano!), famoso por sua metodologia inusitada no tratamento de enfermos. Também é humorista, humanista, intelectual e ativista em busca da paz mundial. Em 1980, criou o Institut Gesundheit, em West Virginia, no qual prestava assistência sem qualquer tipo de contrapartida financeira. Num programa de tevê em 2007, afirmou que "o riso faz parte de um contexto de cura" - tem uma biblioteca de 18.000 volumes e lê muita poesia. Sua filosofia de vida é o amor nas relações sociais, independentes de lugar. Patch e sua equipe de palhaços viaja pelo mundo para áreas críticas de guerra, pobreza e epidemia, espalhando alegria. Misturando medicina com a técnica de atuação de PALHAÇO, acredita que a alegria pode tratar muitas doenças. Autor de vários livros, um deles inspirou o filme "Patch Adams - o amor é contagioso".

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NOTAS DO AUTOR:

O Circo Voador, hoje casa de shows na Lapa, começou como escola de acrobacias (por exemplo, cair de escada sem se machucar) e dublês no Arpoador, Posto 7, fundação em 1982. Nos loucos anos 80, floresceram grupos de circo de relevo, de que saíram muitos artistas hoje... globais. ----- O circo é o encontro de público, ser humano, mundo e o risco de estamos vivos.

MÁRCIO DOUGLAS - Para ele, "circo é hibridismo de linguagens". Com formação de ator e de palhaço, é integrante dos Doutores da Alegria, grupo que visita hospitais.

LEIAM meu trabalho "Relação aberta" - Parte II.

FONTE (parcialíssima):

"Vai, vai, vai começar a brinc... arte séria e atual" - Rio, jornal O GLOBO, 7/4/19.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 13/04/2019
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