A lenda do Vulcão do Mendanha
Era mais um dia comum no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Era mais uma manhã de sexta-feira. As pessoas indo para o trabalho, estudantes para a escola, automóveis num vaivém incessante. Enfim, mais um dia. Eis que, da Estrada do Mendanha, na altura do West Shopping, algumas pessoas começam a avistar algo de estranho, vindo da Serra do Mendanha. Uma nuvem cinzenta com lavas incandescentes preenchiam a paisagem daquele local. Logo as pessoas deram conta que se tratava do famoso vulcão do Mendanha, ou Vulcão de Nova Iguaçu. O até então extinto e adormecido vulcão acabara de acordar, depois de milhões de anos.
Em poucas horas, suas lavas de fogo desciam pela serra e chegavam à Avenida Brasil. O caos se instalara. O vulcão, depois de tanto tempo inativo, parecia que estava a fim de descontar o tempo perdido, liberando gases e explosões violentíssimas, apresentando até relâmpagos.
O povo, na parte debaixo, ficara atordoado, vendo aquela cena. E agora? O que fazer? Afinal de contas, nem o Rio de Janeiro, nem o Brasil estão acostumados com esse tipo de evento.
E a catástrofe continuava e avançava. A lava já corria em direção à Estrada do Mendanha. A vegetação facilmente pegava fogo, espalhando-se rápido com a ajuda do vento. O Corpo de Bombeiros fora acionado para, pelo menos, amenizar o problema. Pessoas desesperadas abandonavam seus carros e procuravam abrigo. Um povo, até então orgulhoso por não presenciar vulcanismo e terremotos de grande magnitude, atordoado observava o apocalipse de perto.
O bairro, literalmente parado, só esperava o fim do espetáculo do Vesúvio tupiniquim. "Isto é só o fim", dizia um morador, com os olhos vermelhos, não se sabe de choro, aflição, fumaça ou tudo junto.
Porém, no final daquele dia, o gigante despertado já dava sinais de cansaço, diminuindo suas atividades. No dia seguinte, já não havia quase nenhum vestígio de atividade vulcânica. Claro que ficaram o cheiro das cinzas e a paisagem devastada pelo fogo. Mas o vulcão, aparentemente, tinha voltado para seu estágio de sono eterno, ou próximo disso.
Aos poucos, a população de Campo Grande e adjacências foi voltando à sua rotina, juntando os cacos, limpando aqui, removendo ali, tentando esquecer o Armagedom que vivera um dia atrás.
Mas, o que será que havia acontecido? O Brasil, geologicamente, não pode ter atividades vulcânicas, já que não está em encontro de placas tectônicas.
O que se sabe é que o bairro teve seu dia de Pompeia (com devidos exageros, é claro). Se existia alguma dúvida se o suposto Vulcão do Mendanha era mesmo um vulcão, não restava mais.
É bom não duvidar de Hefesto, ou Vulcano, deus do fogo e do vulcão. Vai que ele resolve acordar de novo!
* Conto baseado na curiosidade de meu filho, Lucas Xavier, de 7 anos, sobre o suposto Vulcão do Mendanha.