A tarde escoava friamente, parcas horas restavam para encerrar o dia, havia pouquíssimo tempo, cerca de algumas horas. Estavam sob ultimato e nada mais restava a fazer, a não ser entregarem-se. O Rei olhou a sua volta e pode ver poucos, mas, leais guerreiros que por ele jamais se renderiam. Dispostos ali, a fatídica luta. Dentre eles, o próprio filho. Um rapaz de 20 e poucos anos, que mantinha um brilho nos olhos, a espada embainhada, e célere disposição a luta. Ao Rei restava entregar sua cidade, ou lutar com seu exército de algumas dezenas de homens, contra uma legião de bárbaros e mercenários do reino invasor. Eis que então seu filho lhe disse: Pai, lutaremos com honra. Mas, não permitiremos que nossa memória seja ultrajada e nos tornemos deles, escravos.
Sim filho, eu sei que o pior nos espera é que talvez não haja glória em persistir e entregar nossas vidas. Você é novo demais para morrer, e eu ainda não lhe fiz rei. Se nos entregarmos agora podemos no futuro nos reerguer, quem sabe até, vence-los. Um velho conselheiro do rei ao ouvir atentamente a conversa entre pai e filho, levantou-se e disse: - Eis que talvez não haja honra na luta, se esperamos com isso nos esquivar de nossos princípios e morrer como covardes. Sim, não há honra na luta se desejamos preservar em nós o medo e a apatia. Nossos corações pulsam na similitude do voo das águias, precisamos sempre nos levantar e mirar outros horizontes, ainda que longínquos. Mas, não o pavor ante o desafio da altura. Eis que então o rei tomado por seu apelo o interrompe: - Soldados ao combate! E se nossa ousadia não nos levar à glória, que nos leve então com honra, aos céus...
Manaus, 02 de abri de 2019.
Nota: dedico esse poema aqueles que lutam por uma causa justa, ainda que não consiga atinjir seus objetivos.