CARNAVAL
O INÍCIO DA FOLIA, ou seja, DO JEITO COMO ERA ANTES - O CARNAVAL surgiu na Europa no século XVI, como celebração da chegada da chegada da Quaresma, cada país com seus costumes. Em Portugal, o entrudo no início era uma época de trotes, que logo aqui chegaram, segundo registro de 1553 sobre uma "terça-feira de entrudo" num engenho perto de Olinda. No Rio, o evento nas ruas era descontrolado, quase selvagem. ----- O ENTRUDO - 1-NAS RUAS - Até o século XIX, as classes subalternas ocupavam as ruas, incluindo os escravos, e a brincadeira espontânea e agressiva era jogar qualquer líquido sobre as pessoas, fosse água ou mesmo excrementos - a água não era encanada, tempo dos escravos 'aguadeiros' que a pegava diretamente das fontes para as residências; os 'tigres' transportavam fezes (dai o termo 'enfezado') e urina das casas para o mar... Sem ainda fantasias, escravos pintavam o rosto de branco e os brancos pobres faziam o inverso - o material desta maquiagem pode ser o alvaiade, pó branco usado na pintura de paredes, um pó preto usado na composição da graxa ou às vezes o vermelhão usado em tintas. - 2-NAS CASAS - Após almoço ou jantar, em roupa de festa sem fantasia, jogavam limões de cheiro, que eram bolas de cera contendo água ou um líquido perfumado, umas nas outras, poupando geralmente os patriarcas, fumantes numa área reservada - escravos vendiam estes limões em tabuleiros, de porta em porta, Escravos eram alvo das sinhazinhas entediadas, sem revide. Casas coloniais de frente para a rua, fácil 'beneficiar' os transeuntes com este agrado... - LIMÕES DE CHEIRO - Eram preparados semanas antes, especialmente pelas mulheres - limões de cheiro quando esverdeados, laranjas de cheiro quando na cor amarela. A cera era derretida com um corante num caburé (panela de ferro), o limão era espetado num longo palito de madeira e mergulhado na cera já morna e fora do fogo. Esfriavam e com um corte circular da faca retirado o limão, ficavam duas meias coberturas ocas a serem preenchidas com o líquido desejado, o corte depois restaurado com cera morna, podendo-se enfeitar com uma folha metálica, não raramente de ouro. ----- O ENTRUDO AOS NOSSOS DIAS - 1-O brasileiro colonial já participava dos desfiles em procissões religiosas ou cortejos reais, muito antes de existirem as sociedades carnavalescas. A partir de 1830, a burguesia (classe média) quis civilizar o entrudo e foi buscar no carnaval de Paris os bailes de máscaras e em seguida o desfile de fantasias em carruagens. Em 1855, começaram os desfiles carnavalescos, em roteiro divulgado pelos jornais, fantasias realizadas em bom padrão; 50 anos depois, bailes de carnaval nas sedes das sociedades carnavalescas. - CLASSIFICAÇÃO DO CARNAVAL AO TÉRMINO DO SÉCULO XIX - Os folcloristas chamam de GRANDE CARNAVAL os bailes e as grandes sociedades (terminadas anos anos 80 do século XX) moderno e organizado; o PEQUENO CARNAVAL seriam as manifestações mais simples, de rua, como o Zé Pereira (blocos animados e semi organizados, que desfilavam com grandes tambores de origem portuguesa), congadas, ranchos, blocos e cordões. - 2-TEMPOS MODERNOS - Em 1904, surgiu o corso, em carros abertos, atirando flores ou confetes; na década de 20, com a valorização da cultura negra, surge o samba (uma forma de batuque) nos bairros cariocas do Estácio, Mangueira e subúrbios; em 1932, na Praça XI, centro do Rio de Janeiro, ocorreu o primeiro desfile de escolas de samba; nos anos 40, desfile na avenida Rio Branco; nos anos 50, desfile na avenida Presidente Vargas. já como um espetáculo; nos anos 70, as escolas entram na era do luxo e da grandiosidade; em 1984, é inaugurado o Sambódromo na rua Marquês de Sapucaí. Na atualidade, o desfile internacionalizou-se e ganhou um caráter empresarial.
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FONTE:
"O inicio da folia" - Rio, jornal O GLOBO, 11/2/12.
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