EUZINHO APOSENTADO - FINAL

"...triste figura..." - MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA (1547/1616), a maior glória da literatura espanhola, simultaneamente autor nacional e universal. Foi camareiro do cardeal Aquaviva em Roma, soldado em 1570; vida errante, agitada, por vezes penosa - em 1571, recebeu dois tiros de arcabuz e teve inutilizada a mão esquerda. Inúmeras narrações picarescas, outras sérias, sempre brilhantes, com caracterizações, alegorias, costumes. Em 1605, surgiu "El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha", novela eminentemente humorística, o livro mais popular da literatura espanhola, levando o nome do país e do autor para todas as partes de mundo - sátira à cavalaria degenerada, admiráveis as figuras do exaltado fidalgo e de seu ingênuo escudeiro: união de razão/admiração; caráter geral humano e ao mesmo tempo local, beleza do estilo e riqueza da linguagem fazem de "Dom Quixote" uma obra mestra. - Excerto de velho caderno universitário.

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Citei um filme de 1986, descobri recentemente outro no mesmo tema: "A livraria", diretora ISABEL COIXET, 2017 - troca de cartas entre indicações de livros e relação afetiva crescente entre Florence, viúva querendo reconstruir a vida, final dos anos 50, esforços para manter uma livraria, apesar da oposição da cidade inglesa, e o recluso Edmund. Diferenças do outro filme - personagens em países distintos, correspondência durante décadas, nenhum encontro - agora tudo acontece numa pequena cidade, contato direto em muito menos tempo, com a antagonista Violet determinada a atrapalhar os planos alheios. Suavidade minimizada com pelo menos uma tirada ácida quando ele, diante da dúvida da 'livreira' adquirir um considerável número de "Lolita", de Vladimir Nabokov: "As pessoas não vão entender 'Lolita', mas isso não é ruim. Entender deixa a mente preguiçosa." - Recorte de O GLOBO, 29/3/18.

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LEIAM meus trabalhos "Euzinho aposentado" - I e II, e "Eu, aposentado", I e II.

NOTA DO AUTOR:

"Lolita", 1955, de NABOKOV (1899/1977), romancista russo-americano - assunto controverso, protagonista-narrador é um professor universitário, talvez com excesso de imaginação.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 23/03/2019
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