DISTOPIA DAS CORES
Essa é uma história que aconteceu há muitos anos num tempo em que homens e mulheres não eram evoluídos e as temperaturas ainda eram amenas.
O mundo vivia com uma sociedade distopica e os humanos se dividiam em duas classes os Agas que eram seres entendidos como superiores por serem fortes, capazes e por isso detinham alguns privilégios e os Emes, seres considerados um pouco inferiores, mas os únicos capazes de gerar vida.
Os Agas eram conhecidos como os Azuis, pois sua vestimenta só podia ser dessa cor. Não importava se era no tom noturno, oceano ou manhã de verão as roupas dos Agas só podia ser azul. Alguns escolhiam ou eram condicionados por sua criação ou biologia a usar tons mais claros, outros mais escuro. Embora os Azuis só usassem essa cor eles eram doutrinados pela família, pela igreja e pelo Estado através de uma Educação rígida a gostar da cor vermelha, que por sua vez era a cor usada obrigatoriamente pelos Emes e assim como o outro grupo era doutrinado pela sociedade em todas as suas esferas a só gostar de azul.
Então assim era o mundo. Os Agas Azuis gostavam de vermelho e os Emes Vermelhos gostavam de azul e todos acreditavam que assim a Ordem seria mantida e todos seriam felizes. Estavam errados, claro. Essa é uma distopia.
Havia ainda grupos menores que viviam na clandestinidade, pois eram perseguidos e sofriam humilhações e as vezes até eram mortos em nome do regime. Eram os que gostavam das duas cores e conhecidos como os Roxos e também aqueles que gostavam da mesma cor que vestiam, ou seja Azuis que gostavam de azul e Vermelhos que gostavam de vermelho. Esse grupo minoritário podia sofrer intimidações e um azul claro demais podia ser visto com desconfiança por alguns olhos, se o tom era meio avermelhado também era motivo pra represalias. Diziam sem saber que era assim por má influências de algumas Vermelho. A esse grupo de minorias somava-se os Negros que pareciam não gostar de cor nenhuma.
Todos precisavam ser corrigidos, mesmo que se usasse de violência. Tudo era motivo pra a violência que era a forma dos povos antigos do século XXl resolverem seus conflitos internos e externos. Felizmente hoje isso faz parte de um passado vergonhoso. Somos agora civilizados e deixamos para trás a descendência dos símios.
Nessa época um Aga não podia dizer livremente “eu gosto de azul”. Era visto pela igreja como um pecador condenado ao inferno, pelo Estado como uma ameaça a procriação e manutenção da espécie e pela família como um erro que deveria ser corrigido. Era vergonhoso aos pais admitirem “meu pequeno Aga está indo contra as convenções, ele gosta de azul e por isso será infeliz”. Familias inteiras e alguns amigos preferiam fingir não ver o “problema”, afinal podia ser só uma doença e assim passível de cura essa maluquice de gostar da mesma cor que veste.
As falhas ao regime Azul-Vermelho começaram aos poucos a ser percebida pelos homens pré-evoluidos. Se era pros Agas e Emes serem todos felizes porque alguns preferiam a morte? Se deveria haver Ordem social porque a violência se tornou insustentável ao ponto de dois azuis apanharem nas ruas apenas porque andavam de maos dadas? Era óbvio que alguma coisa estava errada nessa sociedade.
Com o tempo os grupos segregados socialmente comecaram a se unir e aparecer. Tinham muito a dizer sobre seu estilo de vida e queriam combater os preconceitos que tomavam a mente daqueles Agas e Emes que não os conheciam e por medo preferiam formular teorias absurdas.
Logo os divergentes se tornaram fortes para exigir direitos e respeito. Se organizaram em redes sociais digitais para dizer o que sentiam e pensavam. As redes sociais era naquele tempo uma forma de comunicação não oral e lugar onde as pessoas debatiam ideias. Não usavam a telepatia como fazemos hoje. Eles sequer sabiam o que era empatia.
Surgiram leis que criminalizavam as agressões as minorias graças ao esforço de alguns humanos mais esclarecidos. Depois disso a Igreja reconheceu que quando Deus mandava as pessoas amarem Ele não condicionava esse amor a questão de cor.
Foi um longo período de trevas em direção a luz. Artistas e cantores bradavam o direito dos humanos gostarem de qualquer cor. E todos foram felizes celebrando o amor.
Enfim muitas coisas evoluíram naquela sociedade utópica até chegar ao ponto onde estamos. Onde hoje os escritores podem perguntar em seus textos: Se o que conta pra Ele é o amor, que importancia tem gostar ou não de alguma cor?
Observação: Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos reais NÃO terá sido mera coincidência.