UM ANJO EM NOSSAS VIDAS
A família era constituída, por quatro pessoas. O casal e dois filhos. A filha era a mais velha, Alice e o irmão, Gabriel, cerca de 3 anos mais novo que ela. Juntos cresceram, estudando na mesma escola, compartilhando amizades. Os anos pareciam voar, Alice a irmã, era expansiva, carismática, sempre rodeada de muitos amigos, enquanto Gabriel, aos poucos ia tornando-se retraído e arredio. Limitava-se a conversar com os pais e a irmã, sem fazer vínculos de amizades com ninguém de fora. Ao atingir a idade de 19 anos, já estava envolvido com leituras profundas, apreciando grandes filósofos, escritores da literatura universal, inteligente e perspicaz. Gabriel, fechou-se me um mundo, no qual, ele não o compartilhava com ninguém. Extremamente inteligente, nas esporádicas conversas que tinha com o pai e alguns amigos, revelou-se uma pessoa madura e eclética. Não obstante, seu temperamento seletivo, com as pessoas, ocasionalmente, conhece uma garota um pouco mais velha que ele, pela qual se apaixonou perdidamente. O romance entre os dois, não era do conhecimento da família, sequer de poucos amigos, com os quais Gabriel se relacionava muito superficialmente.
O amor crescia entre os dois e Gabriel, passou a apresentar um comportamento estranho, depressivo, ele relatava para sua namorada sonhos revelando ideias que lhe povoavam a mente, desestabilizando seu emocional. A namorada era sua única confidente. Dedicada e amorosa, Cristine em uma triste conversa com Gabriel, sugeriu que ele procurasse Deus, uma força maior e orasse, para que toda aquela disfunção emocional fosse removida pela fé e determinação. Sem êxito! Gabriel não concordava na existência de um ser supremo e muito menos, que Ele pudesse ajudá-lo . Cristine fervorosa na sua fé, disse-lhe, que um dia ele haveria de precisar falar com Deus.
Em um sábado turvo, nebuloso, Gabriel acorda com o intuito de fazer algo, que há muitos dias lhe passava pela mente. Decidiu tirar-lhe a vida. Saiu de casa sorrateiramente, pegou um metrô que o levaria em uma estrada, na qual em certa altura havia um barranco, pular dali seria a solução para todos os seus medos e dúvidas nessa vida terrena. O metrô encontrava-se parcialmente vago. Sentou-se em frente a uma garotinha de cabelos loiros, assanhados e grande olhos azuis, que ao encará-la percebeu um olhar tão brilhante, como se uma lágrima lá estivesse retida. Vontade teve de perguntar sua idade e o motivo que a levava estar ali sozinha. Porém, envolveu-se em seu intuito novamente. Desceu na estrada. Aproxima-se da barrando e treme. Altura absurda , a queda, lhe tiraria a vida, em segundos . Um pé na frente e outro atrás, era um triz. Pensou na garotinha. O rosto da menina lhe vinha à mente como em lampejos. Recuou. A imagem, era nítida, parecia uma súplica. Não, pule! Recuou , mais um vez, chorou copiosamente. Recuperando-se do pranto, surpreendeu-se , algo havia mudado em seu coração,em fração de segundos, havia um novo desejo. Sair dali e logo. Pegou o metrô em retorno para casa, com a certeza de que, daquela vez não estaria lá a menininha com ar tristonho. Sentou-se e fechou os olhos para relaxar . Ao abri-los, estava ela, a mesma garotinha de antes. Agora o encarava com um sorriso tímido. Aturdido, pensou ele que estava enlouquecendo de vez. Constatou que era verdade. Enfim a menina deveria estar voltando para casa. Entre uma estação e outra, o entre e sai de passageiros, a menina sumiu. Não estava mais lá. Virou-se, retorceu-se e nada. Chegou em seu destino. Atordoado, cansado, afasta-se e treme. Fecha os olhos e fala – " Deus muito obrigado, por não ter cometido essa loucura, muito obrigado, por ter visto aquela menininha, que parecia um anjo, por ti, enviado, que em relances tirou-me da agonia, daquele momento".. De repente alguém o toca , era sua namorada que estava na mesma estação E diz. – "Pareceu-me que estavas falando com alguém". Ele responde – Sim eu estava , falando com Deus. Ela sorriu, arrepiou-se, suspirou fundo e o abraçou emocionada.