Fato Inusitado
Serginho, Luzia e Inácio, na sexta a noite, jogavam conversa fora, regada a umas latinhas de cerveja, no conjunto residencial, de nome Macapaba, entregue pelo programa de habitação do governo aos mais carentes, quando observaram um tumultuo.
Lúzia não quis esperara pra conferir e evadiu-se do local, rumo ao seu apartamento. Já Serginho e Inácio curiosos, preferiram aguardar pra ver o que se tratava. Foi quando clareou e pode-se ver dois rapazes num cavalo de aço, apavorando os residentes com a arma em punho, invocando assalto. Quando os dois moradores, Serginho e Inácio, tentaram embarcar na caravana da fuga, os meliantes voltaram-se contra eles e ordenaram que eles ficassem onde estavam, pois aquilo era um assalto, segundo gritou o carona da moto, que juntamente com o condutor estavam de capacetes.
Num movimento de desespero de Inácio pra fugir, o carona da moto atirou contra eles, fazendo vários disparos. E seguiu em fuga, sem nada leva. Pois que pela ação dos tiros matara os rapazes.
Sendo que Serginho, caído no chão gemia calado, por ter sido atingido na perna e no ombro, já Inácio, que cairá por sobre Serginho, ensanguentado nem respirava.
Depois que os bandidos foram-se, Serginho aguentou-se na outra perna e gritava desesperado para virem acudir o seu amigo, que estava no chão sem qualquer movimento.
A população, Serginho e Luzia, desesperados e confusos, solidários carregaram tanto um como o outro. Serginho embarcou num carro do senhor Pessoa, Funcionário Público, que morava lá, enquanto Inácio desfalecido e com a roupa na altura do peito ensanguentada embarcava com a sua esposa no carro do Pastor Moacir, candidato a Deputado, juntamente com seu Venâncio, vendedor autônomo, vizinho também e saíram em romaria para o Pronto Socorro da Cidade.
Ainda viu-se um terceiro carro, carregado de vizinhos a acompanhar os dois na dianteira.
Mais rápido que a ambulância, em quinze minutos, mais ou menos, estavam no Pronto Socorro. Luzia, que foi a primeira a sair pegou uma cadeira de rodas, onde só as três rodas funcionavam e Serginho, sem se preocupar, como a estrutura, embarcou e um funcionário da limpeza se encarregou de levar o rapaz lá pra dentro. Naturalmente, com o alvoroço e o estardalhaço da senhora esposa do senhor Inácio vieram correndo de lá um enfermeiro e um outro rapaz da limpeza empurrando uma maca, saída da sucataria, mas que ainda servia pegar o rapaz, que ainda não dava sinais de vida.
Em prantos Dione já se alagava e Luzia, até se sentia culpada por ter partido dela a ideia de beberem naquela hora.
O Candidato a Deputado, Pastor Moacir falava com a atendente, como se já fosse empossado e o Funcionário Público tentava acompanhar os rapazes, falando de lado com o segurança do prédio, que estava como porteiro.
Quando os outros vizinhos chegaram o fuzuê se fez mais intenso, pois o tempo já passará a mais de uma hora e pouco se sabia.
Mais quinze minutos o Funcionário Público juntamente com o vizinho Autônomo, traziam noticiais de que ele estava bem, tinha sido operado e extraída as balas e provavelmente ficaria mais uns dias no corredor até desocupar um leito.
Quando Dione levantou-se pra perguntar pelo seu marido, num impulso de desesperos vinham correndo pelo corredor, com a face empalidecida, uma enfermeira, um rapaz e o porteiro…
Inácio levantou-se correndo em desespero, ainda sob efeito do medo, da situação passada, guardada em sua mente e ao chegar lá na frente, causou o mesmo impacto. Alguns até desmaiaram, como foi o caso da atendente, que ficava num cubículo, de dona Luzia e de sua esposa, pois na versão oficial todos davam-no como morto, visto a sua imobilidade, sua falta de respiração e o sangue na altura do peito.
Rindo à toa, um dos rapazes que acompanhou o cortejo do residencial Macapaba até o Pronto Socorro, percebeu que o senhor Inácio estava vivo, mas sua calça estava toda borrada.
E o Pastor, após leva-lo ao banheiro pra se lavar, fez uma breve oração. Entregou os seus santinhos e seguiram voltando pra casa agradecendo a Deus pela vida de todos e dando entrevistas a mídia pelo ocorrido.