TRADIÇÃO É TRADIÇÃO! - FINAL

Alguém leu sobre bandinha que adaptou clássicos da música judaica ao ritmo de samba, marchinha, baião, batida do Olodum, afoxé, maracatu e funk. Jovens judeus músicos ensaiavam à noite, sem incomodar aulas num colégio israelita, zona sul do Rio de Janeiro, e também num clube; logo, dois primos se inspiraram em avô violinista e havia experiência pessoal de um deles em regência de corais. Quando bate uma ideia, melhor segurar firme: desde 2013, músicas antigas de carnaval, no ano seguinte estudaram partituras da década de 20 e mesclaram tudo. Alteraram a métrica, “A Yiddishe Mame” e “Um Violinista no telhado” viraram ... samba. A peça fundamental e mais alegre das festas judaicas é “Hava Naguila”; na tradição de muitos povos, as pessoas dançam em círculo, mãos dadas, ou em linha reta, braços estendidos para os lados, um com a mão no ombro do participante ao lado - na festa de casamento, noivos alçados ao ar, sentados numa cadeira. Troca-troca de costumes, sem preconceito ou xenofobia.

Mais uma reunião beneficente. Seria a festa de despedida, amigos judeus voltando a seus países. Mesmo clube, mesmo salão.

Nas paredes, ANA SARA, outras pessoas e EU espalhamos cópias coloridas da reportagem e imagens de diversos instrumentos musicais – saxofones, oboés, violinos, baixos... Uma bateria tocou ao vivo. Ninguém sabia se estava dançando certo ou não, às vezes o ritmo era melodioso, pares se formavam, em seguida acelerava e surgiam grupos maiores na hora, até mesmo sem pensar na idade.

Muitas moças solteiras desinteressadas em compromisso diário (bom, isto é o que mulher sempre diz). Taí, gostei de ser um cristão-novo. Ou um neo-judeu mesmo sem conversão alguma?

NOTA DO AUTOR:

HAVA NAGUILA – Tradução: “Alegremo-nos”. Canção folclórica hebraica, música de celebração, especialmente popular entre os judeus e os ciganos, executada por bandas em festivais judaicos, disseminada mundialmente. Inspiração numa canção folclórica ucraniana da região de Bucovina, texto composto por Abraham Zevi Idelsohn em 1918.

FONTE:

“Tudo junto e misturado” – Revista O GLOBO, 15/12/13.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 27/01/2019
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