Um jogo de tabuleiro
As pastas estavam dispostas de forma organizada. Não havia poeira sobre a superfície do móvel. As gavetas organizadas por cores e assuntos. Tudo em sua perfeita ordem. Se era possível organizar, assim o fazia. Ele tinha alguns diplomas dispostos na parede, em quadros com molduras de mogno maciço, aqueles papeis diziam que ele era um homem importante.
Morava em um apartamento confortável, no ponto mais importante da cidade, a arquitetura do recinto era compostas de linhas retas, poucos móveis, um ar de moderno e tradicional. A janelas tomavam o espaço total de uma das paredes, de forma que se via toda paisagem de fora, sem dúvida, algo espetacular de se observar, toda a vida e movimento da cidade e a noite estrelas brilhavam lá embaixo, tantas luzes, impossível de contar.
Mas vivia só entre essas paredes. Todo castelo tem um rei, no entanto, este não tinha súditos, uma corte ou visitantes. Apenas um rei. No xadrez a peça mais importante é o rei, ele pode caminhar uma casa de cada vez, o que não significa muita coisa face o que pode fazer as outras peças. O rei é uma peça chave, mas de extrema fragilidade. Ele sabia as regras do jogo.
E se vale comentar, alguns reinos são extremamente solitários, são extensões de solidão, no qual olhamos o horizonte e em toda a sua extensão, em cada parte, em cada canto, nos limites dos limites, apenas solidão. Um jogo de xadrez precisa de mais peças - Ele pensou. Não lembrava a última vez que havia jogado, já fazia muito tempo, talvez na infância, não lembrava com clareza.
Agora era um homem importante, os quadros dispostos na parede com diplomas especialíssimos poderiam atestar tal afirmação. A vida organizada, os móveis sem poeira, a paisagem era inspiradora. E num tabuleiro de xadrez perdido em algum canto de sua vida, havia apenas uma peça. Um rei caído. Xeque-mate.