A Saga de Constâncio e Fabiana(10)
Constâncio começou naquela semana a trabalhar na fábrica.Tinha corrido seção por seção(tecelagem, sala de panos,tinturaria) desde o quando o algodão em fardos era desfiado por máquinas, até a dobragem por metros, do tecido já estampado, pronto para ser entregue aos revendedores.Queria conhecer todo o funcionamento do processo, para poder exercer com conhecimento sua função .
A Fábrica era,praticamente a 1ª e única opção de trabalho na cidade (aliás, a cidade se formou por causa e em torno da Fábrica.) Praticamente todos os moradores do Cedro já tinham trabalhado ou ainda trabalhavam alí.
Até Zora, a melhor amiga de Maria fel, que já beirava os cem anos de idade, trabalhou ali desde os 10 anos até ficar velha. Zora sabia da história de todo mundo, viu aquela gente toda nascer.
Paralelamente ao emprego na fábrica, Constâncio tinha começado seus ensaios na Banda de Música e os treinos na equipe do Cedro Esporte Clube.
Gostava das três atividades e desempenhava muito bem, cada uma delas.
Definitivamente, Dr Alexandre tinha feito uma bela aquisição e estava satisfeitíssimo com isto.
Domingo, ás dez da manhã a Banda iria se apresentar no Corêto da praça da Matriz e era a estréia de Constâncio.
A missa das oito era a mais freqüentada do domingo e minutos antes, lá estava ele como era seu hábito, para cumprir suas obrigações religiosas, sem saber da surpresa que o aguardava.Com a Igreja totalmente lotada perto da hora da consagração o coro começa a atuar e, em dado momento, após pequena introdução ouve-se uma voz feminina angelical, um timbre marcante, suave mas firme e afinadíssimo, cantando o solo da “Ave Maria” de Schubert (aquela "A- VE... MARI-I-A... GRA- A tIA PLE-E-E-ENA...”)
Inevitavelmente todos os fiéis se voltaram olharam pro alto em direção ao Côro, e Constãncio mal acreditou no que viu: Um passo à frente dos demais componentes, com uma postura de Diva,lá lá estava para sua surpresa, quem? FABIANA.
Aquela voz dava-lhe uma “aura” especial e para Constâncio, tornava-a, mais bela ainda do que já era.
Seu coração passou a bater em todos os compassos que tinha aprendido na escola de Música do “Instituto João Pinheiro”:
Binário, Ternário, Quaternário, 6 por 8, 9 por 8... até voltar ao ritmo normal já no final da “Ave Maria”mais bonita que já tinha ouvido.
Ao se voltarem os rostos em direção ao altar, Constâncio avistou toda a Família de Fabiana ,duas fileiras de bancos à frente da sua. Lá estavam com um sorriso nos rostos: Dª Maria Fel, Fulô, Olavo e o baixinho Nazon.. Todo mundo com “roupa de missa”
Resolveu que, depois da missa, não iria para o Coreto na praça formar com a Banda de Música, sem antes dar um abraço de parabéns em Fabiana,com Fulô perto e tudo ...
Terminada a Missa das oito, quando conseguiu chegar no pátio em frente da Igreja, já havia uma rodinha de moças e rapazes querendo cumprimentar Fabiana pela estréia. Constâncio já se aproximou com os braços abertos ,e como se fosse um cobertor,envolveu a moça com um carinhoso abraço dizendo-lhe ao pé do ouvido.”Que coisa mais linda” meus parabéns... foi a melhor surpresa que já tive, desde que cheguei ao Cedro.Não perco mais nenhuma Missa.Quando se voltaram lá estavam perfilados;Nazon,Olavo,Fulo e Dª Maria Fel .Fabiana abraçou um por um e com os olhos brilhando e o rosto “pegando fogo”,virou-se para Constâncio:”Deixa eu te apresentar minha família:Mãe, Nazon, Olavo e Fulô, que você já conhece!
Fulô, pela primeira vez, chamou-o pelo nome:”Tá bom, Constâncio?”Fabiana se abraçou sorridente com a Mãe que continuava séria como sempre foi.
Constâncio educadamente,meio nervoso, se despediu deles:”Vocês me desculpem,mas vou ter que ir para o Corêto me apresentar com a Banda agora. Foi um prazer conhecer voces!
"Vamos ficar um pouquinho pra assistir, mãe? Pediu Fabiana...