Uma pombinha de asas quebradas...
Amanda é uma moça simples, mas gosta muito de ler e ouvir umas músicas esquisitas, como diz sua mãe, D. Iracema.
Na realidade, ela não é nada vaidosa. Estuda canto lírico, escreve poesia desde os treze e nos fins de semana, sai bem cedo para correr. Tem poucos amigos, ajuda no coral da igreja mas também medita e faz, uma vez por ano, retiro num centro budista no sul do país.
Há quem diga que ela não é muito feminina, nao gosta de namorar e só gosta de bichos; mas eu sei que não é nada disso. Sua timidez me encanta e em seu olhar eu me comprazo.
Certo dia viemos papeando no ônibus. Ela fala pouco mas, nesses vinte minutos, revelou-se uma menina delicada como uma flor.
Eu contava sobre os processos complicados que me apareciam no escritório onde advogo. Seus olhos negros, com grandes cílios só olhavam para baixo enquanto eu falava. Tinha dificuldade de me encarar.
Descemos no mesmo ponto. Estava a ponto de me declarar, quando vimos um pombo de asa quebrada e ela abaixou-se para cuidar.
Fiquei mirando o seu corpo frágil e a sua habilidade com aquela ave. Por pouco me desconcentrava mas tratei de oferecer minha gravata para melhor acomodar a pombinha. Ela sorriu agradecendo, a embalou como um bebê e despediu-se com pressa, alegando que a ave precisava de rápido socorro.
A camisa xadrez, os cabelos curtinhos, um tênis casual e uma bolsa atravessada no tórax combinavam tanto com aquela tez branca e levemente rosada que eu tanto admirava... por vezes sonhava...
Hoje eu a vi mais uma vez. Estava distante mas senti o que há muitos anos não sentia. Ao voltar do almoço, comprei-lhe um Neruda e à tardinha, torcerei para reencontrá-la no ponto do ônibus outra vez. Quem sabe tomo coragem para relatar minhas tantas quedas e então ela se ofereça para cuidar das minhas "asas" quebrantadas... De tanta paixão.
Cláudia Machado
Nota: Foto extraída da internet. Artista de Hollywood, figura pública. Mera ilustração.
Amanda é uma moça simples, mas gosta muito de ler e ouvir umas músicas esquisitas, como diz sua mãe, D. Iracema.
Na realidade, ela não é nada vaidosa. Estuda canto lírico, escreve poesia desde os treze e nos fins de semana, sai bem cedo para correr. Tem poucos amigos, ajuda no coral da igreja mas também medita e faz, uma vez por ano, retiro num centro budista no sul do país.
Há quem diga que ela não é muito feminina, nao gosta de namorar e só gosta de bichos; mas eu sei que não é nada disso. Sua timidez me encanta e em seu olhar eu me comprazo.
Certo dia viemos papeando no ônibus. Ela fala pouco mas, nesses vinte minutos, revelou-se uma menina delicada como uma flor.
Eu contava sobre os processos complicados que me apareciam no escritório onde advogo. Seus olhos negros, com grandes cílios só olhavam para baixo enquanto eu falava. Tinha dificuldade de me encarar.
Descemos no mesmo ponto. Estava a ponto de me declarar, quando vimos um pombo de asa quebrada e ela abaixou-se para cuidar.
Fiquei mirando o seu corpo frágil e a sua habilidade com aquela ave. Por pouco me desconcentrava mas tratei de oferecer minha gravata para melhor acomodar a pombinha. Ela sorriu agradecendo, a embalou como um bebê e despediu-se com pressa, alegando que a ave precisava de rápido socorro.
A camisa xadrez, os cabelos curtinhos, um tênis casual e uma bolsa atravessada no tórax combinavam tanto com aquela tez branca e levemente rosada que eu tanto admirava... por vezes sonhava...
Hoje eu a vi mais uma vez. Estava distante mas senti o que há muitos anos não sentia. Ao voltar do almoço, comprei-lhe um Neruda e à tardinha, torcerei para reencontrá-la no ponto do ônibus outra vez. Quem sabe tomo coragem para relatar minhas tantas quedas e então ela se ofereça para cuidar das minhas "asas" quebrantadas... De tanta paixão.
Cláudia Machado
Nota: Foto extraída da internet. Artista de Hollywood, figura pública. Mera ilustração.