Um homem chamado Zé-Ninguém

Ele catava latinhas e papelão pelas ruas daquela cidade que nunca o olhava de frente. Naquele dia reuniu cinquenta reais e cheio de orgulho do seu trabalho, decidiu se presentear com um prato de comida fina, num restaurante elegante.
O homem entrou no recinto como um cliente qualquer, sentou-se e chamou o garçom. Disse que naquele dia tinha uma quantia razoável, fruto do seu trabalho, enfatizou. Gostaria de jantar um bacalhau.
O rapaz sem jeito em sua primeira semana de trabalho, sorriu-lhe assentindo com a cabeça e correu até o supervisor para saber se o restaurante o atenderia. O velho senhor, atrás do balcão, olhou por cima dos óculos e o viu numa mesa bem localizada. Em plena quinta-feira, o estabelecimento costumava ficar lotado. Executivos da região, empresários conhecidos e até artistas de televisão eram os frequentadores do restaurante que tinha um chefe renomado.
- Sim, sirva o prato solicitado. E diga-lhe depois que é uma cortesia da casa.
O garçom anotou o pedido: Antepasto, prato principal, sobremesa e um bom vinho.
Após a refeição, o homem pediu a conta, como um cliente familiarizado ao local, mas o garçom o informou que seria cortesia da casa.
Indignado ele disse que fazia questão de pagar, pois trabalhou duro para merecer o manjar dos deuses que sonhara desde a infância. Não arredou o pé dali até que a conta chegou. Cobraram-lhe dez reais para fechar a questão e o homem saiu de lá meio sem graça, contestando se o valor era aquele mesmo.
- Você que está dizendo, né!?

Cláudia Machado

Nota: Baseado em caso verídico ocorrido em BH em dezembro 18.
 
Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 05/12/2018
Reeditado em 15/02/2019
Código do texto: T6519942
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