A casa (T2944)
Não havia mudado nada, exatamente como tinha deixado se encontrava, a velha cristaleira no canto, brilhava ainda como no tempo de sua infância, impecavelmente, ainda podia ver sua mãe ali, lustrando as partes de madeira, e num sorriso amável sempre mostrando o orgulho daquela peça antiga e tão importante para ela.
A sala um pouco escura onde apena uma réstia de luz se fazia presente, a escada imponente, de madeira maciça, um destaque a parte. Foi subindo, degrau por degrau, alisando o corrimão, onde muitas vezes deslizara como se fosse um escorregador, quantas recordações, o corredor a frente, ali as portas dos quartos, uma lágrima rola em sua face, ao abrir a porta de seu quarto, uma grande surpresa, estava do mesmo jeito, sem uma única coisa fora de seu lugar, exatamente do mesmo jeito que deixara quando partira para conquistar o mundo.
Quantas saudades, quantas recordações, agora só o silêncio presente onde antes pairavam as broncas de sua mãe, a agitação dela em dias de festa, não sabia o que fazer para agradar os convidados, tudo tinha que estar perfeito, não fazia ideia de quanto tempo havia ficado afastado, só contatos por telefone, sempre entrava em tristeza após conversar com sua mãe pelo telefone, pois só ficava a lembrança de sua voz.
Hoje muitas saudades ela deixou, a casa sem ela é um vazio, uma dor imensa, tudo na casa lembra ela, é uma parte dela.
Sabemos que um dia temos que seguir nosso destino, fazer nossa história, mas o que fomos e como chegamos em nosso momento, sempre retornam, e dos que fizeram parte de nossa formação ficarão só as lembranças, os retratos dos sorrisos parados no tempo, que nunca nos deixarão esquecer da importância disso tudo em nossa vida.
___ Amor, o corretor quer saber se está tudo certo, podemos fechar negócio?
Ficou em silêncio, simplesmente não disse nada.
Alexandre Brussolo (13/07/2017)