Monólogo e diálogo de uma garota esquizofrenica

Sou ou Estou esquizofrenica?

Tenho raiva de tudo que não me parece real

Eu sou normal, ao menos ao meu olhar.

O que você acha QUE É A DEFINIÇÃO DE SER OU ESTAR NORMAL?

Vejo e ouço com frequência que me falta sanidade, que sou louca

Loucamente de saco cheio de ter que ser o que você vê e crê e não poder Ser o que de fato Sou

E o que eu sou?

Ai penso, estou em Estado de esquizofrenia

Estado de esquizofrenia ?

O que seria Estado? Quem o criou?

Se nasci assim e não me moldo ao teu Estado, eu é que sou esquizofrénica?! ou você ao forçar toda uma humanidade a deixar de ser humana e se tornar robótica?

Falo sozinha, ou falo com as vozes que falam ao meu ouvido, que sussurram coisas como, quem é você garota estranha? De olhar tão fundo que assusta ao olhar no espelho, tem medo de mergulhar e não voltar mais,

De voz vezes doce, vezes rude, estridente, dependendo da personalidade do momento claro.

Está voz me diz saiamos correndo daqui, sigamos nosso caminho cigano, antes que não possamos mais nos ouvir.

Vá garota esquizofrenica, saia deste senso comum, deste vulcão preenchido com larvas de monotonia

Saia do cárcere, se entregue.

E eu pergunto a esta voz, para onde iremos se eu sair daqui?

O que farei se não mais me ver neste espelho?

O que direi de mim se não mais me olhar?

Ela me diz com outra voz, desta vez um pouco mais rude.

Vá covarde, é hora de crescer.

Te faço um convide, ela me diz; vamos desbravar as profundezas desta imensa fenda chamada vida?

Desbravar as esquinas dos quarteirões de nossa infância remota?

Os penhascos infindos de nossa adolescência?

Mergulhar nas tempestades desta maturidade insana?

Eu lhe dou a mão.

Me assusto, quem são estas vozes?

De onde elas vem?

E se eu lhe der a minha mão e de fato sentir outra pele na minha?

Não as quero em mim

Mas se não mais as ouvir quem me guiara?

Quem me dirá vá ou corra ou perigo ou forca criança?!

Entendo agora que estas vozes são minhas personalidades encarnadas em meu pequeno e imenso cérebro juvenil,

Resquícios de programas anteriores necessariamente restaurados nesta fase

São meus guias, meus demónios, humanos e espirituais que me acompanham.

São as minhas experiências passadas de vidas após vidas que fazem com que esta passagem seja mais tranquila desta vez,

Afinal estou aqui para terminar a lição de casa que deixei de fazer na aula passada.

Michela Buck
Enviado por Michela Buck em 30/10/2018
Reeditado em 11/02/2023
Código do texto: T6490194
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