COMIDA DE BRUXA
Duas mulheres, mãe e filha viúvas, alugaram em emergência uma casinha de fundos. Um salão (que servia de quarto e sala), chuveiro ao alto exatamente sobre o vaso sanitário (trabalheira complicada na hora do banho), mini-cozinha (fogão, geladeira, nem podiam “sonhar” em futuro freezer, panelas numa armação vertical, penduricalhos na parede).
Na casa grande da frente, senhoria que olhava’ a netinha, mãe da criança era escriturária no centro da cidade - tijolos vazados e a menina, escolinha pela manhã, olhava e conversava com as mulheres que às vezes lhe davam bolo ou biscoitos.
Segunda-feira, a garota apareceu na casinhola poucos depois de meio-dia, olhou a mesa, “Comida de bruxa!!! - saiu correndo. Mãe e filha almoçando tranquilas, nenhuma percepção maliciosa imediata. Feijão preto fresquinho, galinha ao molho pardo, bem escura (o sangue ao fogo empretece, sobra da véspera (domingo sem galinha?! nunca nunquinha), algumas uvas escuras, desencalhe para descongelar-limpar geladeira, sobremesa adiantada de pudim e bolo, ambos de chocolate em pratinhos pretos de porcelana japonesa finíssima bem mais do que centenária (herança de talvez trisavó possuidora de relíquias), chiquérrimos, com desenho miúdo de rosas vermelhas e folhas verdes), gelados, ah, e copos transparentes com aquele famoso refrigerante de cola.........
Tudo gostoso, comer-beber sem pensar.
Riram e continuaram a refeição, agora sem bisbilhoteira fiscal mirim.
F I M