DE UM SEMINÁRIO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA-PARTE IV

Gravei:

TEORIA DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO

SEMIOLOGIA (Europa) ou SEMIÓTICA (Estados Unidos) - Ciência do signos através dos quais se dá toda e qualquer comunicação; estuda os princípios gerais que regem o funcionamento dos sistemas de signos; engloba a lingüística e estuda os signos na vida social. O ato sêmico é a presença de um signo ou sinal - sons na frase: “Que rua é esta?” - índice em “nuvens baixas e escuras” (“Vai chover...”) - símbolo no “sinal vermelho” (“Pare!”).

SIGNO - Alguma coisa que substitui outra, representando-a: a coisa ou evento só se torna signo quando alguém o interpreta. Constitui-se, portanto, da combinação de um significante (imagem) com o significado (conceito, o que quer dizer) das coisas. Exemplo: vermelho = perigo. SIGNOS NATURAIS - Não dependem de atividade humana; não produzidos pelo homem no processo da comunicação. Exemplo: as nuvens escuras. SIGNOS ARTIFICIAIS - Criação humana. Exemplo: o sinal luminoso.

ESTUDO DO PROCESSO DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO - Preocupação com os signos usados em determinada sociedade e a eficiência dos meios de comunicação: conceitos aplicados a todos os seres vivos, animais e máquinas que obedecem às mesmas leis de receber, tratar e conservar as mensagens.

CIBERNÉTICA - Controle e comunicação nos organismos vivos e nas máquinas, isto é, tratamento dado aos problemas de comunicação e seu controle, onde existe o mecanismo de ‘feedback’, ou seja, a realimentação da mensagem, o vai e volta.

CLASSIFICAÇÃO DOS SIGNOS - ÍNDICE (índex, sinal) - relação direta entre significante e significado. Exemplo: fumaça (indica fogo), movimento de cabeça (sim ou não). A publicidade usa signos industriais ligados aos produtos e frases como “preferência nacional” ou “a pausa que refresca”. // ÍCONE - relação de semelhança. Exemplos: foto, caricatura, desenho, pintura, onomatopéias (sons imitativos). // SIMBOLO - relação arbitrária, casual. Exemplos: palavras, linguagem poética. Filosofia shakesperiana: “Uma rosa é uma rosa... E se a rosa tivesse outro nome?”

(Gargalhadas gerais e palmas da platéia.)

RUÍDO OU ENTROPIA - Em qualquer situação, pode haver a possibilidade de erro, sob o nome de “ruído” ou “entropia” - incompreensão, não comunicação. Exemplos: erros de impressão gráfica, pronúncia errada das palavras, comunicação não aproveitada.

(Palpite na platéia - beijo não correspondido.)

REDUNDÂNCIA - Repetição da informação, do mesmo modo ou diferente, recurso para o canal absorver o erro. Exemplo: enunciar o 6 e depois meia dúzia. Ao telefone ou na transmissão esportiva, a taxa de ruído (sentido de erro ou má compreensão) do canal pode ser alta - convém repetir o que se falou. A conversação e a escrita em geral tendem a ser redundantes, preferencialmente evitar em carta, redação escolar ou texto literário, a não ser com finalidade estética, estilística do escritor... Em certos casos de redundância desnecessária, usar abreviações, siglas, logotipos ou marcas industriais.

INFORMAÇÃO NOVA - Em certos canais, o abuso da redundância se torna cansativo, irritadiço, previsível.

(Intervenção na platéia - promessa de político.)

Neste caso, introduzir signos novos, originais, para restabelecer a eficiência da comunicação - haverá desenvolvimento do repertório do DECODIFICADOR e o RECEPTOR perceberá a mudança. Nas manchetes de jornais e na publicidade, expressões entrópicas (movimento natural de retorno) chamam atenção para a leitura da mensagem ou a compra, isto é, o que foge à rotina e à realidade. Nas HQ, nunca sucesso na realidade ou novidade: a comunicação é feita pelo aproveitamento de entropias existentes no tema abordado, no comportamento e até na roupa dos personagens.

COMUNICAÇÃO ARTÍSTICA - Na arte em geral, a mensagem contém elementos exteriores, porém muitas vezes inexplicáveis e abertos a diferentes interpretações do público.

COMUNICAÇÃO LITERÁRIA - Não relação falante/ouvinte e sim narrador/leitor, o contexto instaurando mensagem a ser decodificada, evidentemente código conhecido de ambos para não diluir a informação. Necessário distinguir entre mensagem referencial e artística-literária, nesta havendo o plurissigno, isto é, visão nova ou renovada em termos de plurivalência semântica (de significado), obrigando autor a questionar-se na própria mensagem, remetida segundo a virtualidade ou potencialidade da língua, produtora de novos sentidos. A língua é um sistema infinito de possibilidades que permite comportamentos sem limite. Assim, o poeta transfigura a realidade, nessas infinitas opções, frases associadas numa procura de novo sentido além do mero sentido referencial da linguagem. // A literatura não é uma simples comunicação, possível de ser estudada apenas ao nível lingüístico e semântico, e sim uma criação. A simples comunicação é fechada, previsível, verificada através do sistema de signos da língua, mensagem pronta, um significado num único significante X a literatura é aberta, heterogênea, informação um tanto em desordem, ultrapassa a comunicação comum, é mensagem estética redundante, imprevisível, rica de informação, inúmeras perspectivas, uma fundamentalmente ambígua, variedade de significados convivendo num só significante, ou seja, literatura é metacomunicação. // A obra literária tem caráter atemporal, perene, perpétuo; na talvez quinta leitura, percebemos traços estéticos permanentes não percebidos antes. // A comunicação prepara ações; a literatura, estados. A primeira tem por fim determinar decisões, como bebermos um novo refrigerante em sabor de cola; a segunda não tem finalidade propriamente dita, intencionalidade, apenas determina estados anteriores. Pensamos antes e comunicamos depois; a literatura está antes do pensamento e este depois a conduz e determina. Exemplos de colocação de signos novos: poemas concretistas, textos de publicidade.

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/Quadro sinótico projetado num talão./

LINGUAGEM VERBAL

PALAVRA ORAL (falante & ouvinte) - telefone, rádio, cinema, tevê, teatro, gravações, audiovisuais etc.

PALAVRA ESCRITA (autor & leitor) - carta, telegrama, livro, jornal, publicidade, legenda, audiovisual, digitação etc.

LINGUAGEM NÃO VERBAL

MÍMICA (gesto, expressão facial) - piscar de olho, “V” da vitória, símbolo dos hippies (paz e amor), soco no ar (Pelé)

VISUAL (imagens e sinais) - desenho, pintura, cinema mudo, escultura, sinais de trânsito etc.

AUDITIVO (sons, ruídos) - assobio, grito etc.

TÁTIL (sensações) - calor, frio, dor etc.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 28/10/2018
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