ELEIÇÕES MATEMATICAMENTE CERTAS (CERTAS?)



No 'antigamente', a inscrição para eleitor ainda não era obrigatória, mas um namoradinho, que na verdade queria apenas um passeio longe de casa... levou-a a um cartório eleitoral no centro da cidade. O funcionário datilografou os dados pessoais da garota; alguém lá longe, em conversa com uma senhora radicalmente surda, gritou a palavra "professora" e instintivamente o homem a cadastrou assim......... Próxima eleição, pimba, pela 'qualidade', convocada como suplente e o presidente da mesa forçou-a a ficar. Ambiente pesado, desagradável, onde não era permitido conversar, levantar da cadeira nem mesmo para "situação crítica" no pipisório. Péssima experiência e mais futuras eleições nada simpáticas... Foram aumentando os eleitores, novas seções. Morava na mesma rua de um cartório eleitoral, chamada em casa para a função de........ presidente de mesa, numa escola municipal de dois andares, a caminho da feira-livre, trajeto semanal para compras. Reunião para a nova 'chefia', digamos assim, e foram comunicados sobre a apuração experimentalmente naquele ano realizada pela mesa eleitoral. Não poderia haver um errinho!!! (Nenhuma tragédia grega.) Feliz, caçou os endereços, visitou os demais mesários, tudo gente moça, e avisou "dia de festa". Levou bolo de tabuleiro, brigadeiros e refrigerante. Até um fiscal de partido, bastante jovem, grudou na sala o tempo todo. Na época, votava-se com os ditos "santinhos" colocados numa urna de lona. Um provocador, aquele tipo de arruaceiro que diplomaticamente alguém desmonta com facilidade, apareceu de sunga mínima e enorme chapéu de palha na frente do corpo - ela autorizou votar. Um homem extremamente idoso apertou a mão de todo mundo, fez o sinal da cruz, colocou a mão no peito e cantou uma parte do Hino Nacional. Muitos acontecimentos divertidos......... Poucos minutos após as dezessete horas, fecharam a escola. Bom, hora de trabalhar. Total de eleitores da seção eleitoral, quantitativo X. Alguns faltosos. Total de eleitores presentes Y. Uniram quatro mesas e abriram a urna - inicialmente, contar os "santinhos" em geral, com resultados variados: muito além (para cima) das cedulazinhas esperadas, nova contagem, agora muito aquém (para baixo) das cedulazinhas esperadas... Solução prática: eleitores presentes = número de votos. Bocadinho para um vereador, bocadinho para outro, "uma trabalheira dos diabos", ELA comentou décadas depois. No bolso do primeiro mesário, "santinhos" de um candidato, (excelente) médico do hospital público da região - em nova contagem, todo mundo cansado e enlouquecido no meio da madrugada, ELA mentalizou São Arquimedes, grande matemático da Grécia Antiga......... os "santinhos" do 'doutor' fecharam a conta com perfeição absoluta. O guarda encarregado de proteção, dormira sentado, estranhamente um olho aberto e outro fechado. Amanheceu, foi a última seção eleitoral a entregar urna e documentos no clube do bairro. Consciência tranquila.

Um mês depois, chamada ao cartório eleitoral, sem briga e sem bronca - grupo único da região, talvez mesmo da cidade, a apresentar um resultado certinho, certinho...

"Muito simples: 2 + 2 = 4. Jamais 3 ou 5."

F I M


 
Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 20/10/2018
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