Semana do ROSH RASHANÁ. O papagaio ELIAS, por incrível que parece, tomou café morno bem açucarado (odeia com leite), certa vez vomitou acidental-casual adoçante, experência do peralta DAVIZINHO, roeu uma rosquinha de milho com passas, sorriu mentalmente para ANA SARA, auxiliar do EU-síndico, fez uma espécie de continência militar antecipando o dia 7, falou clara e pausadamente "SHALOM" e voou para o azul infinito. Ela em choque - estátua de 'onça inativa', reação nenhuma. Não a quero triste. Para enxugar lágrimas, uma coleção de casuais assuntos interessantes: 1---Recomendo o filme "QUEBRANDO OS DEZ MANDAMENTOS" (original "Commandments"), produção americana, 1997, em cores, comédia 'suave', com o ator irlandês AIDAN QUINN - Seth Warner tem uma vida feliz, perfeita, até acontecerem algumas sucessivas tragédias. Sua solução é se vingar do Criador (Deus, na linguagem deles), disposto a provar que quando não se tem nada a perder, pode-se arriscar tudo. ----- SETH - na mitologia bíblica, terceiro filho de ADÃO e EVA. 2---Não apenas a força une Super-Homem, Batman, Capitão América, Homem-Aranha e outros famosos super-heróis. Todos surgiram na década de ouro dos quadrinhos, entre 1933 e 1963, e foram criados por autores judeus. Desde o Antigo Testamento (46 livros judaicos), hebreus são os maiores contadores de estórias - livros, filmes, HQ e marcas inspiradas na vida real para criar narrativas que emocionam a humanidade desde a criação do mundo. 3---Foi em abril/2017, no Rio de Janeiro, que pena! Espetáculo musical "NEGROS E JUDEUS NA PRAÇA ONZE", texto da jornalista BEATRIZ COELHO DA SILVA (autora do livro homônimo), fonte em detalhada pesquisa iniciada em 2007. Haverá reprise? 4---A praça Onze, famosa como berço carioca do samba, não foi apenas o endereço da Tia Ciata e dos lendários homens negros do movimento musical. Era também território de judeus de vários países europeus na primeira metade do século XX, que chegaram ao Rio na década de 40, fugindo das perseguições religiosas, recomeçando a vida, sem conflito entre as duas comunidades. Em comum, passado trágico negros com a escravidão e judeus com variadas perseguições. Dois grupos vizinhos, em comum mercados-bares-clubes-ranchos-ruas... porém a memória desapareceu. A boa convivência os levou a criarem blocos, ranchos (por exemplo, o "Rancho Praça Onze") e dividirem palcos de clubes. Havia casos de negros trabalharem no comércio judaico e aprenderem a falar iídiche. 5---"EXODUS" - Best seller escrito por LEON URIS, o romance de qualidade teve trajetória atípica: angariou respeito de crítica e amor até de judeus que passaram agruras na II GM - fidelidade aos fatos, basicamente o fim da guerra e a atribulada formação de Israel do ponto de vista de um judeu que combateu o nazismo e ajudou a fundar o novo país. "Exodus" virou filme de Hollywood, super produção em 1961, pelo super diretor OTTO PREMINGER. Saga verídica do navio Exodus cujo comandante tenta desembarcar 400 judeus - refugiados de guerra confinados em Chipre - na então Palestina, contra a vontade do poder inglês na região. A saga do navio tornou-se um símbolo do sofrimento judaico às vésperas da independência do país em 1948: centenas de pessoas que vivenciaram o horror do Holocausto podadas do direito de ir e vir por força da sanha imperial britânica, decadente porém insistente. Judeus ou não, emoção dos espectadores vendo os refugiados cantando "Hatikva" (canção sobre a esperança que depois se transformaria no hino de Israel) pouco após o desembarque na Terra Prometida (e desejada) há dois mil anos. 6---Nos fantásticos nmercados de Jerusalém (Makhane Yehuda) e Tel Aviv (Ha'Carmel), israelenses e palestinos em convívio pacífico-harmonioso-emocionante, comunhão de sabores... comida, única força unificante em Israel, no mínimo o 'humus' (onipresente pasta de grão-de-bico, 4 mil anos de história e incontáveis receitas. Boxes do Makhane Yehuda /mescla de mercado de comida e bazar de quinquilharias/, na parte murada de Jerusalém, na Cidade Velha, construção milenar no bairro muçulmano - bancadas de tâmaras robustas, impressionantes romãs graúdas (tamanhos de laranjas), damascos, azeitonas carnudas, azeites fantásticos, amêndoas, pistaches, zaatar (tempero que combina ervas, inclusive o 'hissopo', primo perfumado da menta... Paz em matéria de comida, paz em Israel! Os 'mezze' (árabe) ou salatim (hebraico), refeições compostas por várias entradinhas adoráveis que junta os povos longe da guerra: compram e comem lado a lado, prática rara em outros locais. Comum árabes de túnica e judeus de kipá comprando no mesmo 'shuk' (mercado) ou comendo 'falafel', 'shashlik' (espetinhos) e 'habaganoush, mesa com mesa. Explorar os mercados de Israel é interminável fonte de descobertas - 'halva', doce típico do Oriente Médio, feito com sementes de gergelim e açúcar, junto com chocolate ou frutas secas; ou queijos feitos com leite de cabra e ovelha. Ah, e o tomate-cereja?! ----- Principal mercado é o Ha'Carmel, já aberto às 7 da manhã e anoitece com animados boxes de verduras, pescados, carnes, seleção de vinhos israelenses (nem sempre kosher)... roupas, tapetes e adereços - só fecha sexta-feira, uma hora antes do sabá. dia sagrado judaico. ----- A 7km da Faixa de Gaza, o Bror Hayll, kibutz de brasileiros, comunidade que tem como principal fonte de renda uma fábrica de... pão de queijo mineiro. Inspiradores JK e CDA, felizes lá no céu? 7---Para os judeus, tempo de refletir e se arrepender dos pecados. No Brasil, brindamos com champanhe e pulamos 7 ondas; eles preferem se focar na introspecção e na reflexão. O Ano Novo judaico é chamado de ROSH HASHANÁ, dia em que Deus criou o mundo. Acontece geralmente em setembro, pois a contagem dos anos no judaísmo é feita pelo calendário lunar, que tem 354 dias. Um dos símbolos do ROSH HASHANÁ é o shofar, instrumento de sopro feito de chifre de carneiro que é tocado na data e remonta à época em que o povo era nômade. Outra característica do shofar é que ele soa como um alarme que chama à reflexão e à consciência adormecida. ------------------------------------------------------------------------------------ FONTE: "Tudo junto, misturado e... na paz" - Rio, jornal O GLOBO, 1/8/15. F I M