Naquela terra.

Naquela terra.

Não muito distante de tudo, nem perto demais de outros, havia uma ilha cercada a frente por vultosas montanhas e a sua costa estava sempre belo oceano, que ao longe sempre podia ser avistado seu brilhante farol dando boas vindas a quem por suas águas navegava. De praias límpidas cristalinas, seus corais a enfeitavam, como uma ninfa a seduzir com seus encantos os olhos de quem a contempla.

Seu povo era diferente, de pele escura e às vezes parecia dourada e ate mesmo avermelhada, por de certo o seu clima assim os faziam ser, pois o sol reinava absoluto em seus dias, que fazia sim esta gente ser tão alegres e não havia um só dia, que não houvesse razão para festejarem a vida, suas noites acaloradas, era como se houvesse só lua cheia, eles dançavam, cantavam e celebravam sem duvida a paz que reinava entre todos. Num belo dia de outono aproximou-se de suas verdes praias uma gente diferente, de linguajar estranho e pele pálida sem nenhuma cor viva, vestiam-se de vergonha, pesados tecidos que lhes pareciam confortáveis, encobria neles toda maldade, ferocidade que acham ser correto, em principio vendo aquela gente nativa, receptiva e de bem com todos, descobertos de vergonha, seus corpos aos olhos estrangeiros estavam quase nus, pois aquele povo não via maldade na beleza de suas crenças, eles festejavam a vida, os que ali vieram não os respeitaram o que lhes foram oferecidos e tomaram de assalto suas terras, corromperam com suas índoles, roubaram de suas meninas as virtudes de seus sonhos, trocaram por espelhos o que para eles eram o prazer de cuidar de quem os alimentava, mãe terra, já não mais os pertencia, só no coração e nas lembranças de outros tempos.

Agora vivem o lamento de um canto triste, que os lembram de sua gente que era boa e procuram ainda viver as belezas de sua terra, mas aquela gente de linguajar estranho e pele pálida, que tanto os temem, os convenceram de que o açoite dói menos que seus pensamentos livres, que o ódio é alimento de suas almas, todos os que se opõem a suas ideias são subversivos, criminosos e sem moral, que em nome da força divina maior agora podem matar os seus, sem se importar a quem derrama o sangue vermelho sobre o negro de sua pele, no chão árido dos desejos instintos, aplaudem toda intolerância que acreditam ser a verdade absoluta.

Corre neguinho, já que quer dividir teu pão com seus irmãos que nada tem, é errado e corre que a verdade ta escrita na bala que te persegue os pensamentos; Não aceite outra fala que não seja a que te induzem a ver e ouvir senta frente à tela vai passar a vida como deve crer. Povo sofre, mas não precisa de direitos, ganharam o privilegio de carregar a espingarda que tirou a vida de teu filho, mas dizem que agora é o juiz e carrasco daquele que ainda acredita na liberdade de sua gente, poder voltar a ser como antes se sentiam, canta teu canto neguinho em silencio, teus santos não podem ser ouvidos, pois sua morte ta marcada.

Mauricio C Ferreira.

MAURICIO C Ferreira
Enviado por MAURICIO C Ferreira em 01/10/2018
Reeditado em 01/10/2018
Código do texto: T6464966
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