A cultura africana faz parte do currículo nacional.

A história dos antigos povos negros que habitavam a África, comprova que muito antes da colonização pelos europeus e consequente escravização, eram 'bambambãs' em ciências, dominando técnicas de agricultura, ourivesaria, mineração e metalurgia em que usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não 'bagunçar' a contabilidade do comércio de mercadorias; tinham conhecimentos de astronomia e medicina que serviram de base para a medicina moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de 20 mil livros, que hoje deixariam 'encabulados' os atuais pesquisadores de 'beca' que se dedicam ao estudo da cultura negra. ----- Infelizmente, a imagem que nos deram daquele continente e seus povos não é relacionada com produção intelectual nem tecnologia; 'descamba' para 'moleques' famintos e famílias miseráveis, mulheres de 'cangas' coloridas, povos doentes, guerras ou paisagens de 'safaris'... ideias distorcidas que desqualificam a cultura negra e geraram preconceitos até hoje. Correto atribuir a origem desta culpa ao pensamento dos colonizadores que precisavam justificar o tráfico de pessoas e a escravidão nas colônias, animalizando os negros - no século XVI, alguns zoológicos europeus exibiam negros e indígenas em jaulas, colocando na mesma 'baia' indivíduos de grupos inimigos para que brigassem diante do público - além disso, na época, a Igreja considerava civilizado apenas quem era cristão. Uma 'balela' sobre a escravidão é que muitos africanos viviam em reinos europeus, invenção 'bode' expiatório, pois a servidão lá acontecia após conquistas internas ou dívidas, como em outras civilizações, as pessoas não afastadas de suas terras ou famílias nem perdiam a identidade, muitas vezes os escravos passando a fazer parte da família do senhor ou retomavam a liberdade após obrigação quitada com trabalho. Aqui, povos antes acomodados, normal a revolta contra a 'chibata', absurdas regras de trabalho nas plantações, consequente fuga e organização de 'quilombos'.

A dominação dos negros pelos europeus se deu basicamente porque a pólvora não era conhecida por aquelas 'bandas' e os africanos recebiam bem os estrangeiros, tanto que eles não precisavam armar 'tocaias' - as famílias sempre reservavam um quarto para os viajantes e com isso abrigavam inimigos: durante mais de 300 anos, 'acaçambados' cerca de 100 milhões de mulheres e homens jovens, em boa força de trabalho, rompendo com séculos de cultura e civilização.

O pouco caso reflete na sala de aula e o segundo maior continente do mundo aparece em livro didático apenas no tema escravidão, deixando 'capenga' a noção de diversidade entre os diversos povos, minimizando a importância ancestral dos afrodescendentes. ----- Em 2003, entrou em vigor a Lei n. 10.639, tentativa de corrigir esta dívida, incluindo o ensino de história e cultura africanas, um impulso para transmissão de conhecimento e valores. Se a escola não incluir esses conteúdos no planejammento, cada professor em cada disciplina pode por conta paópria, aliás, deve colocar um pouco da África em seu plano de ensino.
No estudo da língua portuguesa, para mostrar a influência dos falares africanos no Brasil, usar palavras de origem banta, ao menos um 'tiquinho' em centenas já incorporadas em nosso vocabulário - incluir a 'capoeira', 'embalada' pelo 'berimbau', a culinária enriquecida com o 'vatapá', o 'caruru' e outros 'quitutes', as influências musicais do 'batuque' e a 'ginga' do 'samba' e de instrumentos como a 'cuica', o 'atabaque' e o 'agogô' - recheie bem de conhecimentos a sua 'mochila'.........

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NOTA DO AUTOR:

'.........' - vocábulos de origem africana.

FONTE:

"África entre nós" - SP, revista NOVA ESCOLA, nov./05.

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