Álbum de amarguras
Alí eu estava, numa tarde qualquer. Andando novamente pelo mesmo caminho, do qual, outrora, vívemos tempos tão belos. Todos aqueles locais, pareciam um campo magnético por onde elas pairavam, as mais profundas memórias... me causavam arrepios profundos. Mas tomei coragem, e fui andando, até em frente daquela antiga casa...ah meu Deus, aquela casa! Sonhava com ela todos os dias, e tudo de bom que havíamos passado, tudo de maior plenitude. Fiquei só parado alí em frente, era como um transe. Mas precisava ir. Chorava por dentro e já as lágrimas desceriam.
Não queria que eles vissem. Onde é que esse rio iria desaguar mesmo? Será que teria fim, chegando ao mar? Sei que nossas lágrimas se encontrariam e juntas, dançariam.
"Como é triste! Minha alma chora tanto, e já se desfaz ! Porquê tudo aquilo, se venceu tão rápido? E se eu ainda tinha o poder nas mãos, porquê fui um covarde tão miserável, de não enxergar meu próprio erro? Eles, gritavam pra mim. A saudade não quer me deixar viver, é como um eterno coma!"
Só queria poder passar, e me banhar nesse oceano outra vez, como era antes. Mas em paz. Por que ela...ela parece fugir de mim. Fui eu mesmo quem te machuquei...fui eu mesmo quem te afastou de mim...fui eu mesmo, que te arrancou de mim. Mas doia. Doia tanto. Fiz por merecer, tanto! Mas ainda indo em frente, olhei para trás... sei que nunca, nunca se apagaria jamais.
Agora, aqui, dentro desse avião, só quero dormir. Preciso olhar mais além. Mas antes, abro o álbum e vou vendo cada página lentamente. Cada página virada, cada momento vivido,cada olhar sobre o outro... aquela sensação que não se pode descrever. Quão doloroso é. Sei que as páginas também sente ao me ver. Sim, elas sentem... por nós.
Fecho o álbum e beijo-o calorosamente. Sinto como um beijo de volta... é tão estranho. Mas de uma beleza sem fim, tudo isso. Fecharei meus olhos. Quem sabe amanhã, eu te verei outra vez, se ainda acordar.