AMOR NOS TEMPOS DO FIM – PARTE 2
Era um dia de semana normal como todos os outros. Um pouco antes do meio-dia, ainda na parte da manhã, nos demos conta que a Tribulação iniciara e que Jesus não veio buscar o seu povo, como professavam tantas milhares de Igrejas. Como tínhamos certeza? Simples, não se sabe de onde, de repente um desconhecido foi proclamado Presidente das Nações. O homem era estranhamente carismático e convincente. A impressão que me deu, quando o vi na TV pela primeira vez é que era tipo um soldado louco, tentando manter a calma. Ele tinha alguma coisa no olhar e na maneira de andar que davam calafrios.
De repente era muito nítido que estávamos vivendo os dias da Tribulação, pois na parte da manhã foi apresentado para nós o Presidente das Nações e na parte da tarde foi anunciado que um enorme meteoro iria se chocar com a terra daqui uns três anos, mais ou menos. Um furacão categoria seis atingiu os Estados Unidos causando milhares de mortes. O estranho é que o fenômeno se formara em poucas horas e praticamente alcançou a costa numa destruição sem precedentes. Os ventos alcançaram facilmente trezentos quilômetros por hora, algo ainda nunca visto. Enormes tsunamis eram esperados para poucas horas em várias localidades do globo. Antes das seis da tarde o Presidente Mundial já instituirá uma moeda única no mundo, porém sem abolir ainda as vigentes nos países. Em uma semana a partir dessa data, o mundo estava respirando financeiramente novamente. Muitos analistas não acreditaram que poderia ser tão simples arrumar a economia do mundo. O presidente Cesar ganhava autoridade e notoriedade. Ele tinha uma equipe pessoal de quase cem analistas que o acompanhavam – pelo que entendemos, há muitos anos, parece até que ele sabia que iria ser o primeiro Presidente Mundial e foi preparado a vida toda.
Naquele dia, que foi anunciado que um meteoro batizado de Apoliom, iria colidir com a terra e causaria uma absurda destruição no planeta, de forma inevitável, a Igreja percebera que a Tribulação começara e não houve nenhuma Segunda Vinda de cristo secreta. Durante todo o período que durou a Tribulação o suicídio foi uma resposta para muita gente. Nos primeiros dias do aparecimento do Anticristo, milhões de pessoas se mataram em todo o mundo, acreditando que tinham ficado para trás, abandonados por Cristo. Fora a nova religião do Estado, instituída por Cesar quem fizera recuar as mortes por suicídio. A nova religião, intimamente coligada com a ciência, dava esperanças que o futuro seria ótimo. O homem viveria mais de mil anos – se pudesse pagar as contas e os procedimentos médicos, ainda exorbitantes. Imaginava-se que o planeta sofreria algumas décadas devido ao meteoro que iria se chocar com a Terra, então um plano contingente, muito sério e muito seguro, para o planeta Marte, parecia ser a resposta para isso. Em pouco mais de dois anos, milhões de naves iriam sair da Terra para Marte. Cesar ainda anunciou que poderia reconstruir as pessoas geneticamente, com suas memórias, pra isso elas precisavam morrer agora, para depois serem ressuscitadas. Seus genes ficariam numa estação espacial em órbita geoestacionária da Terra, pelo tempo que fosse necessário, até o planeta estar em condições de ser habitado novamente. A Nova Ordem era a religião oficial do mundo agora, o Cristianismo estava em vias de ser banido, pois historicamente só causava confusão.
Era um dia de sol, no meio da semana, como outro qualquer, mas que mudaria o mundo e o futuro para todo o sempre. Não era falta de alertar, que não ocorreria nenhuma espécie de arrebatamento invisível, secreto, pré-tribulacional. Nos primeiros dias do aparecimento do presidente Cesar, milhões de pessoas correram às Igrejas, o Espírito Santo derramava como nunca unção sobre os pregadores. Pessoas eram curadas instantaneamente. As profecias se cumpriam em questão de horas. Dons eram dados a todos os que quisessem. Mas a apostasia alcançou a Igreja com a força de um furacão. Cesar prometia uma vida prolongada com centenas de anos, os planos financeiros para o mundo pareciam fazer todo o sentido. Havia uma troca de presentes entre todos os presidentes. Não havia motivo para indisposição com ninguém. Não havia por que temer nada. O único ponto negativo eram os cristãos, em todo o mundo, dizendo que estávamos vivendo os últimos dias na Terra.
Antes que aquele dia de sol acabasse, pastores e pregadores choraram amargamente, pois tinham durante anos ensinado uma farsa ao povo. Amigos e até parentes se mataram, por imaginarem que tinham ficado para trás. Teologias foram apressadamente revistas e notaram que a ilusão que a Igreja não passaria por problemas era irreal. A Tribulação se iniciara, inegavelmente, com força total e não havia mais volta. O fim do mundo chegou e a Igreja não foi arrebatada.
Continua...
Paulo Sergio Larios