Rotações por Minuto
Sigo placas, sigo códigos, sigo a correnteza, sigo a vida como uma colônia isomorfa de microrganismos insignificantes. Sofro e não sofro. Não devo sofrer? Sístoles e diástoles apenas marcam o ritmo. A melodia é definida pelo ronco de motores selvagens, abalando paredes e, por vezes, a própria fé. Rotações por minuto. Até quando aguento? Abandonei o carro, o barco, os poucos amigos distanciaram-se pelas autoestradas da vida. Tudo em códigos binários, preto no branco, esvaíram-se as cores: tornei-me o que mais temia - uma máquina programada para trabalhar freneticamente, sem pulso, sem sentimentos, sem coração - ou será que, rotações por minuto transformaram-se em revoluções por minuto, estado físico de ser humano, demasiadamente humano?