Villeneuve
 
Capítulo 1

O Tempo não ensina, pune quem não aprendeu
 
1998
 
 
   Existe um certo pleonasmo em grande parte de nossas vidas, assim como, há quem diga que a própria, seja apenas um grande quebra-cabeça sobre sentimentos e emoções. Se realmente for, perdi algumas peças no caminho.
– Jamais entendi o motivo de colocar essa citação em seu diário. O que Leonard Poulain queria dizer? – Perguntou Manu.
– Já conversamos sobre ele, e você sabe que meu diário requer uma certa intimidade para que possas lê-lo. – Peguei-o e fechei.
– Deveria ter pensado nisso, quando o vi folheando o meu.
– É diferente, Manu.
– Na verdade, fora como sentir suas mãos em meu corpo, sem permissão.
– Desculpe. – Estiquei o braço a entregando o diário.
– Você realmente acha que suas ações apagam as atitudes? – Manu levantou-se e caminhou até a porta do quarto.
– Por favor, espere.
   Ela desceu os corredores depressa, tal atitude já deveria ser prova suficiente para que eu a deixasse ir embora.
   Coloquei um casaco e corri até perto das escadas, ela já estava lá embaixo, se preparando para sair, a velha casa de chás era charmosa, mas seus detalhes não me chamavam tanta atenção como para Manu.
– Me perdoe.
– O que disse?
– Me perdoe, você tem razão, não deveria querer te privar do que escrevo em meu diário. Só tenho medo, de ele não expressar o que eu realmente sinto por você.
– Muitas vezes parece estar distante.
– Eu sei, as últimas semanas tem sido difíceis, os clientes estão cada vez mais escassos e meus pais brigam o tempo inteiro.
– Se martirizar por isso não vai te ajudar, e nem mesmo querer descontar nos outros. Me deixe ajudar um pouco, você sabe o quanto amo esse lugar.
– Tudo bem, vou tentar convencê-los.
– Okay, peça para Yves me ligar amanhã, sabe como gosto de conversar com ela.
   Manu conhecia minha mãe como ninguém, Yves era acolhedora, simpática e adorava descobrir os detalhes da personalidade de meus amigos.
   Infelizmente, tais qualidades nunca estiveram presentes em meu pai, Charles, por mais que ele tenha se esforçado ao máximo para mudar.
– Ela já foi? – Perguntou Tommy, meu avô, estava em sua cadeira de rodas, enrolado em um cobertor e cobrindo a cabeça com uma velha boina preta.
– Sim, o que o senhor não deveria estar dormindo?
– Ouvi a discussão, já pensou em pedir Manu em casamento?
– Sua época tradicional já passou vovô, por favor, vivemos em um mundo moderno.
– Moderno? Estamos em um tempo cada vez mais estranho. Irei rezar muito para que ela tenha paciência, os olhos de uma mulher não brilham naquela intensidade para qualquer um, Sebastian.
 
 
 
 
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 16/09/2018
Reeditado em 01/11/2018
Código do texto: T6450802
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.