A JÍCARA

— Está vendo aquele lugar ali ao longe? Tem açúcar em seu interior!

— E como você sabe?

— Somos formigas, não somos? Sentimos essas coisas.

— É verdade...

— Nós duas devemos ir até lá!

— Má ideia. Aquilo é uma “jícara”. Logo, logo, um humano vai enchê-la com água.

— Se formos rápidas, conseguimos coletar o açúcar antes que isso aconteça.

— Tudo bem. Vamos então. Mas bem rápido!

Minutos depois:

— Operária, situação do processo de coleta.

— Em andamento e dentro dos conformes, operária.

— Ouviu, amiga? Será um recurso valioso para nossa colônia! Não podíamos desperdiçar tão boa oportunidade!

— Aaaaaaaaah!!! Aaaaaaaaah!!! Salvem-se!!! Salvem-se!!!

Inicia-se um grande alvoroço!

— Ó, minha Deusa! Um humano! Está carregando a jícara! Vai inundá-la!

— Não pode ser! A culpa é minha! Maldita ideia estúpida!

— A torneira! Já posso vê-la!

— Me perdoe! A culpa é toda minha!

— Te perdoo, grande amiga! Aliás, também tenho culpa, pois fui conivente com o plano... Nos encontraremos mais tarde, no formigueiro celestial!

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Setembro de 2018.