Amor Sem Espinhos.

Especialmente aquela cena insistia nas mesmas agressões e nada lhe parecia iluminado, quanto mais chovia, mas chorava e perdida em trapos amorosos; buscava ser capaz de uma única vez traduzir corretamente seus sentimentos, porém, sempre chegava à conclusão que não era tão simples.

Loucamente amava sem esperar muito da vida. Mas parecia-lhe que ininterruptamente o amor tolhia toda a sua mocidade e esperança de ser feliz. Cansada dos atropelos naturais impostos pelas quedas, atribuía esse mal ao compasso lento das razões direcionadas com a hipocrisia, denominada carência. Segurava a mão escorregadia de Álvaro e não continha o disparo amedrontado do coração.

Dentro da redoma, mantida pela inconsequência ameaçadora do futuro descomprometido que a aguardava, ela sorria mostrando a si mesma que podia saborear o que não tinha. No olhar, carregava ilusões enumeradas por atitudes que mansamente deixava para depois.

Passado 17 anos de constante incoerência, não só a mente, mas também, o corpo chamava atenção para pequenos detalhes, os quais ela não estava apta para perceber; cega colhia incertezas sem nada aprender. Ao acordar, cantarolava “Tiro ao Álvaro”, música de Adoniran Barbosa, enquanto balançava sutilmente o corpo.

Norma Barros
Enviado por Norma Barros em 08/09/2007
Reeditado em 06/08/2018
Código do texto: T644110
Classificação de conteúdo: seguro