Vozes do vento (2) - Como tudo começou

- Mamãe...mamãe !

-Que houve ?

- Ouça... ele de novo! Veio bater na janela e não consigo dormir e dizendo isso a menina correu para os braços de sua mãe. Esta sorriu, a história do vento repetia-se, ora ali no quarto, ora em outros locais da casa ou até mesmo fora dela.

- Filha, você sabe que o vento é da natureza, é o ar que se desloca de um lado para o outro. Já expliquei isso várias vezes e aqui neste local onde moramos é alto, não é a toa que se chama Moinho dos Ventos, não é?

- Mas, mamãe...porque ele só bate na minha janela? No seu nunca ouvi.

- Porque a posição de seu quarto fica mais no rumo dele, não darei muitas explicações. Você é muito pequena ainda e irá aprender tudo aos poucos. Saiba apenas que o vento não faz mal.

- Faz sim! Sempre ouço a Nana dizer que não podemos tomar banho quente e sair com o vento frio lá fora.

- Mas a culpa não é do vento, filha. Estes cuidados com crianças são normais. Muitas vezes o tempo muda e elas pegam resfriados fortes.

-Ah, não gosto desse vento e quero que vá embora !

- Quer dormir no outro quarto? Lá é outra posição da casa e aí não vai pegar tanto na janela.

-Quero sim, mamãe. Gosto daquele quarto enorme e com cama igual à sua.

Rapidamente foram de travesseiro debaixo do braço para o fim do corredor, quase ao lado da biblioteca. Ao entrar no recinto a garota foi verificar a porta balcão e estava tudo em silêncio - nada ali lembrava aquele ventinho intruso. Sob os cuidados da mãe, deitou-se na cama grande que ali havia. Estava um pouco insegura e medrosa...

- Mamãe, quer dormir aqui comigo?

- Não, você precisa ser uma menina corajosa, estarei aqui ao lado e se precisar chame. Dizendo isso, beijou-a e saiu.

A pequena cobriu-se até o nariz, olhava desconfiada para a janela enorme que deixava passar alguma claridade da lua cheia. Estava tudo em paz, as cortinas paradas, ele tinha ido embora, de fato a sua mãe era sábia mesmo!

Dizendo para si mesma que iria trocar de quarto para sempre, acabou adormecendo.

As fitinhas de suas pantufas ao lado da cama balançaram levemente e uma nesga de luar dançou no teto...

- Durma bem...

27/08/18

Direitos Reservados

Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 27/08/2018
Reeditado em 29/08/2019
Código do texto: T6431972
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