A coragem de sonhar
E ali estava ele, sonhando acordado novamente.
-Menino, acorde! Vá viver! – Gritaram a ele.
Ele se virou e sorriu, e com sua sinceridade infantil, respondeu do seu jeitinho de ser:
-Viver? Já estou vivendo, meu senhor! Estou vivendo nos meus sonhos, viver neste mundo como tu é que eu não quero. Não quero viver na sombra dos meus medos, com todos me dizendo o que fazer e como fazer, não quero apenas existir para sobreviver. Meu caro senhor, se te incomoda meu jeito de viver, peço que se retire, vá existir em outro lugar, ou melhor, venha viver comigo!
O velho se sentiu humilhado pela coragem daquele pequenino. Sentiu inveja pela ousadia do garoto. Não se conformava com aquela ideia “sonhadora”. Então com toda a sua amargura, fez com que aquela criança engolisse o mundo.
O pobre garoto não resistiu, se sufocou com o que foi imposto, e toda aquela fatalidade foi apenas por ele querer ser ele mesmo.
O idoso não se arrependeu pelo que fez, não era a primeira vez. A diferença foi que aquele garoto lhe fez uma marca, uma marca tão profunda que se espera ser passada de geração em geração, o desejo de acreditar. Acreditar que um dia possamos gritar para todos, quem somos, quem queremos ser, no que acreditamos, sem temer.
De: Um Sonhador
Para: Dom Quixote