Um caso de saudade
O cão sempre fora seu melhor amigo. Fazia dois anos que seu pai chegara com uma bolinha preta de pelos, onde se via apenas um focinho úmido. Os olhinhos estavam fechados e aquela coisinha só deu sinal de vida quando, à noite, sua mãe o acomodou em paninhos no banheiro. O bichinho começou a chorar como um bebê pedindo colo. Bernardo desceu da sua cama, pé ante pé e, sem que ninguém percebesse o colocou debaixo do edredom. O seu melhor amigo a partir daquele dia seria o seu companheiro mais fiel.
Bolinha, como era chamado carinhosamente, cresceu e nunca mais saiu do quarto de Bernardo. A mãe do menino permitiu que a caminha dele ficasse lá mas advertiu que não o pusesse em sua cama para que não houvesse alergia e também porque não era higiênico. O garoto obedeceu mas também, o labrador atingiu um tamanho que não tinha cabimento dividir o leito com ele, assim como também não tinha chamá-lo de "Bolinha".
O cão era brincalhão e por isso atrapalhado. Uma tarde quando passeavam na praça, o cachorro se soltou da guia e correu de encontro ao pipoqueiro. O moço se assustou e acabou por derrubar seus pertences pelo chão. O homem xingou uns despautérios mesmo após os pedidos de desculpas. Os passeios sempre terminavam assim. Bolinha voltava para casa e passava horas deitado debaixo da cama do seu amigo até que o seu tom de voz melhorasse.
Mas naquele dia nada havia acontecido e o cão enfurnado embaixo da cama. Não saiu nem para comer. A família se preocupou e chamaram o Rubens, veterinário da petshop mais próxima.
Após exames o doutor não podia identificar o motivo da apatia. Tudo estava dentro da normalidade até que a mãe de Bernardo contou que o animal estava estranho desde o dia que o menino viajara com a madrinha. Eram férias e ele, pela primeira vez, se afastara do amigo.
- Tá explicado! Concluiu o veterinário. O Bolinha sofre de saudade! Esse é um sentimento que existe não só no coração humano, mas também nos peludos.
E assim foram aqueles quinze dias sem a presença de seu "dono", pelo qual o animalzinho sentia um forte laço afetivo.
À tardinha o telefone tocou e a mãe notou quando as orelhinhas do Bolinha se esticaram. Do outro lado a voz do menino:
- Mãe, deixa eu falar com o Bolinha!!!
Era uma chamada de vídeo e todos riram muito quando o cachorro começou a latir e correr pela casa dando pinotes, subindo e descendo do sofá como se quisesse mergulhar na telinha onde Bernado o via com os olhos rasos d'água.
O cão sempre fora seu melhor amigo. Fazia dois anos que seu pai chegara com uma bolinha preta de pelos, onde se via apenas um focinho úmido. Os olhinhos estavam fechados e aquela coisinha só deu sinal de vida quando, à noite, sua mãe o acomodou em paninhos no banheiro. O bichinho começou a chorar como um bebê pedindo colo. Bernardo desceu da sua cama, pé ante pé e, sem que ninguém percebesse o colocou debaixo do edredom. O seu melhor amigo a partir daquele dia seria o seu companheiro mais fiel.
Bolinha, como era chamado carinhosamente, cresceu e nunca mais saiu do quarto de Bernardo. A mãe do menino permitiu que a caminha dele ficasse lá mas advertiu que não o pusesse em sua cama para que não houvesse alergia e também porque não era higiênico. O garoto obedeceu mas também, o labrador atingiu um tamanho que não tinha cabimento dividir o leito com ele, assim como também não tinha chamá-lo de "Bolinha".
O cão era brincalhão e por isso atrapalhado. Uma tarde quando passeavam na praça, o cachorro se soltou da guia e correu de encontro ao pipoqueiro. O moço se assustou e acabou por derrubar seus pertences pelo chão. O homem xingou uns despautérios mesmo após os pedidos de desculpas. Os passeios sempre terminavam assim. Bolinha voltava para casa e passava horas deitado debaixo da cama do seu amigo até que o seu tom de voz melhorasse.
Mas naquele dia nada havia acontecido e o cão enfurnado embaixo da cama. Não saiu nem para comer. A família se preocupou e chamaram o Rubens, veterinário da petshop mais próxima.
Após exames o doutor não podia identificar o motivo da apatia. Tudo estava dentro da normalidade até que a mãe de Bernardo contou que o animal estava estranho desde o dia que o menino viajara com a madrinha. Eram férias e ele, pela primeira vez, se afastara do amigo.
- Tá explicado! Concluiu o veterinário. O Bolinha sofre de saudade! Esse é um sentimento que existe não só no coração humano, mas também nos peludos.
E assim foram aqueles quinze dias sem a presença de seu "dono", pelo qual o animalzinho sentia um forte laço afetivo.
À tardinha o telefone tocou e a mãe notou quando as orelhinhas do Bolinha se esticaram. Do outro lado a voz do menino:
- Mãe, deixa eu falar com o Bolinha!!!
Era uma chamada de vídeo e todos riram muito quando o cachorro começou a latir e correr pela casa dando pinotes, subindo e descendo do sofá como se quisesse mergulhar na telinha onde Bernado o via com os olhos rasos d'água.