Vazio
José Gaspi desembarcou do Metrô. Era uma tarde fria de novembro.Sentiu falta do agasalho que não trouxera.
Atravessou a passarela e vagou um pouco pelo shopping center. A mensagem no telefone celular dizia" Estou saindo do trabalho.Chegarei em quinze minutos mais ou menos." Comprou Mentex para dar a ela ,como antigamente nos tempos de colégio.Bobagem! Tudo muda! Impossível trazer o passado de volta.
Durante o trajeto de trem, tinha ficado pensando em coisas da sua vida. Lembrou-se dos avós imigrantes, da mãe ,morando sempre com ele, mesmo depois de casado, até sua morte em dois mil e dois. Dois casamentos . O primeiro arruinado por sua culpa. Tantas aventuras amorosas! E agora a solidão ao lado de uma mulher amarga. Marlene era quase uma sombra no sobrado cheio de trastes em que viviam, herança dos pais dela. Fracasso profissional e econômico. Muitas dívidas.Teria que trabalhar até morrer. Com a saúde debilitada, se vivesse mais cinco anos seria lucro.Não que não amasse a vida, mas...
Pela escada rolante chegou à praça de alimentação. Ela ainda não estava lá. Voltou por onde viera e a viu caminhando em sua direção. Parecia mais alta que ele ... Talvez tivesse crescido um pouco depois que ele mudou de bairro e de escola. Fazia tanto tempo...Uma vida inteira.
Ultimamente, tinha vasculhado gavetas e pastas antigas repletas de lembranças : cadernos, papéis, fotografias. E , depois, nas redes sociais, tentara localizar amigos da sua infância e da sua juventude. Só encontrou ela. Justamente ela, a mocinha banida da sua memória até reaparecer numa foto amarelada de passeio escolar. Fez contato, trocou mensagens e insistiu num encontro. Ela sempre dizendo ter muitas ocupações, sem tempo para nada.No entanto,acabou, gentilmente, aceitando tomar um café com ele num shopping center .
Cumprimentaram-se formalmente e foram se sentar a uma mesa da praça de alimentação. Não ficaram à vontade um com o outro. Pouca conversa. Nenhuma empatia. Depois de tantos anos , eram agora dois estranhos, dois desconhecidos.
Na despedida, à saída do shopping, ele ficou observando por longos minutos a mulher bonita e elegante que se afastava, sem se voltar, na direção do estacionamento. Depois caminhou lentamente para a passarela do Metrô. Estava sendo esperado no trabalho para terminar a obrigação do dia. As pernas pesavam como se fossem de chumbo e ,no peito, havia algo como um buraco .
Atravessou a passarela e vagou um pouco pelo shopping center. A mensagem no telefone celular dizia" Estou saindo do trabalho.Chegarei em quinze minutos mais ou menos." Comprou Mentex para dar a ela ,como antigamente nos tempos de colégio.Bobagem! Tudo muda! Impossível trazer o passado de volta.
Durante o trajeto de trem, tinha ficado pensando em coisas da sua vida. Lembrou-se dos avós imigrantes, da mãe ,morando sempre com ele, mesmo depois de casado, até sua morte em dois mil e dois. Dois casamentos . O primeiro arruinado por sua culpa. Tantas aventuras amorosas! E agora a solidão ao lado de uma mulher amarga. Marlene era quase uma sombra no sobrado cheio de trastes em que viviam, herança dos pais dela. Fracasso profissional e econômico. Muitas dívidas.Teria que trabalhar até morrer. Com a saúde debilitada, se vivesse mais cinco anos seria lucro.Não que não amasse a vida, mas...
Pela escada rolante chegou à praça de alimentação. Ela ainda não estava lá. Voltou por onde viera e a viu caminhando em sua direção. Parecia mais alta que ele ... Talvez tivesse crescido um pouco depois que ele mudou de bairro e de escola. Fazia tanto tempo...Uma vida inteira.
Ultimamente, tinha vasculhado gavetas e pastas antigas repletas de lembranças : cadernos, papéis, fotografias. E , depois, nas redes sociais, tentara localizar amigos da sua infância e da sua juventude. Só encontrou ela. Justamente ela, a mocinha banida da sua memória até reaparecer numa foto amarelada de passeio escolar. Fez contato, trocou mensagens e insistiu num encontro. Ela sempre dizendo ter muitas ocupações, sem tempo para nada.No entanto,acabou, gentilmente, aceitando tomar um café com ele num shopping center .
Cumprimentaram-se formalmente e foram se sentar a uma mesa da praça de alimentação. Não ficaram à vontade um com o outro. Pouca conversa. Nenhuma empatia. Depois de tantos anos , eram agora dois estranhos, dois desconhecidos.
Na despedida, à saída do shopping, ele ficou observando por longos minutos a mulher bonita e elegante que se afastava, sem se voltar, na direção do estacionamento. Depois caminhou lentamente para a passarela do Metrô. Estava sendo esperado no trabalho para terminar a obrigação do dia. As pernas pesavam como se fossem de chumbo e ,no peito, havia algo como um buraco .