GOLPES BAIXOS - PARTE II

Estórias caóticas, golpes geralmente frustrados. --- Mesmos persoagens reais. Casal de idade não muito para baixo ou para cima. Sem exatidão porque nunca mostraram documentos. Ele acima de 1.90, grisalho (do fr. 'gris'), ela nada alta, bastante magra por necessidade (elegância é "outra" coisa...) - vontade e tentativa de quadrilha a dois, plagiando suavemente BONNIE & CLYDE - vida(USA)/assaltos-cadeia/filme -, impulsivo e inteligente casal dos anos 20/30... Aqui, lat(r)inos século XXI? --- A primeira mentira era se propagar pai do menino (dela com anterior vigarista desaparecido), dez anos, pele clara, e demoradamente as pessoas descobriram que o pseudo pai, Antônio, e o falso filho, Júnior, não eram homônimos. Aos 50 anos e o cara jamais trabalhara em coisa alguma; ela de raro em raro fazia bolos para festas e se virava em faxinas; diariamente não: batia preguiça antes de feijão-arroz chegarem a zero. --- Se ele psicopata ou pilantra, isso não ficou muito claro. Logo que se ofereceu partipante ogã (cargo auxiliar no candomblé) num grupo religioso sério, descobriu uma técnica de enfermagem, contou que era formado em medicina, estágio em hospital público, mas "não gostara da profissão", seccionara (linguagem dele, vocábulo contextual) fotos da formatura, depois diploma e registro profissional - não impossível: há atores/atrizes televisivos que largaram origem acadêmica. --- Tempos depois, no mesmo grupo, durante cerca de vinte anos /como demorou, hein?/, perante mulheres ainda que em funções subalternas em outras áreas, ele 'colava' afinidades, mesmas estórias caóticas (diferente de "eu gostaria de ter sido........." - admissível desejar/sonhar) - sempre em segredo, ele 'era" dentista, arquiteto, advogado, administrador, gerente de hotel classe A, modelo ("cansou" de aeroportos internacionais e passarelas), piloto militar, acrobata etc. etc. etc. - queimara fotos, toda a livralhada (dentro do prédio?) e atirara as cinzas (do lat. 'cinis') do décimo terceiro andar (décimo terceiro salário é "outra" coisa, vagabundo sem nenhum); como adEvogado (nitida mentira, a partir desta pronúncia - jamais na escrita forense!), cinzas no crematório (?) de documentos confidenciais do fórum......... e assim por diante com várias pofissões charmosas, maioria de curso superior. Natural que perguntassem detalhes - faculdades cursadas entre quatro e cinco anos... lembranças odiosas... preferia 'esqucer' nome da instituição e endereço. --- Ambiente do ylê, centro religioso. Aí, numa reunião feminina, sem querer compararam as secretas confidências, gato-escondido-rabo-de-fora! --- Gato se imaginando esperto caiu na toca de uma Ratinha!!! Contou justamente para minha AMIGA (astuciosa, atrevidinha, ladina, professora gramatical dos meus trabalhos, detetivesca perigosíssima detalhista, descrente como Ratinha diante de queijo plástico cheirando a desinfetante) que "era" psicólogo. Havia jurado contra ele. Mesmas 'graçolas' de "segredo: seccionei/queimei" - nunca ninguém ousara desmascará-lo, embora conhecessem infinitas mentiras diversficadas e grandezas imaginárias. Ah, foi certeira! Usou a pronúncia exótica de famoso chef de cozinha, francês, radicado no Rio de Janeiro: "Marrravilha! E segue qual linha? Charcot, Freud, Janet, Jung, Lacan (só homens? que campo machista! sem perceber, ela errou feio)... Margaret Me.........?" Em segundos, percebeu: era para ter dito Melanie Klein, mas não podia emendar. Já que o pilantra /a mulher certa vez vira declaração escolar e o dedurara: curso fundamental incompleto/ não sabia nada, dispensável corrigir. Ele "ouviu" uma campainha imaginária (da salivação do cão de Pavlov?) e correu para atender o portãozinho lá longe. Nunca mais, perante o pessoal, estória de ser formado nisto ou naquilo. (Todo brasileiro "é técnico de futebol" a cada quatro anos!) --- Vivia com celular de brinquedo na mão, o aparelho tocava (controle remoto?), ele 'atendia' senador, banqueiro, empresário etc., 'você' de igual para igual, todos implorando ebó ou trabalhos espirituais. --- Como residirem sem pagar aluguel? Praça de bairro pobre, maioria das casas coberta com telhas vãs, isto é, sem forração ou laje. Casal não tinha quase nada, muito velhos e estragados os poucos móveis - fulana ia vendendo tudo a outros mais miseráveis ainda... Catavam lenha para cozinhar: "Comida mais gostosa..." Ahn! Sem contrato assinado, cada senhorio esperançoso ou ingênuo, o cínico acertava pagar a partir do primeiro mês vencido - em trinta dias, pagamento pontual, senhorio feliz em sorriso "de orelha a orelha", como o fabulário gato de CARROLL, em "Alice". Logo na primeira chuva forte (fraca não servia), bastava que vissem nuvens escuras e afastavam as telhas, cutucando de dentro de casa com um vassourão, criando goteiras terríveis exatinho na direção da cama, colchão antiquíssimo, há muito tempo estragado. Golpe velho! "Aqui não ficaremos nem mais um dia. Veja que casa o senhor nos alugou!" Ainda ficavam um tempo mínimo sem pagar e ganharam um colchão menos velho como "indenização de danos morais" (materiais, porém golpista diz qualquer coisa)... --- Em outra casa, conseguiram um usadíssimo armário de roupas, razoável estado, o deles descolara e desmontara irremediavelmente. --- Espalhou-se na praça a notícia da trapaça... (Quem sabe tiveram imitadores?) Em dois anos, "às vezes" pagando aluguel, sete residências diferentes ao redor do círculo... até uma forte ameaça que os afugentou do lugar........ --- Entre uma casa e outra, apresentou-se na associação de moradores como contabilista e bibliotecário, achou livros numa lixeira, arrumou numa prateleira e deu um golpe miserável sobre um cheque de setenta reais (mesmo na época, valor baixo); acusado, sentiu-se ofendido (?) e "demitiu-se". --- Verdadeiro portador de uma DST irreversível, bancou ter sido atingido com difamação por um vizinho - levaria à delegacia o exame negativo da mulher, colocando o nome dele, tomaria a casa do outro com tudo dentro (recente novela mostrara prática de porteira fechada) e o deixaria na "miséria"... Desstiu alertado sobre grafotécnica & falsidade ideológica. Desistência compulsória: "Perdoarei porque é meu irmão de fé!" --- Outro plano, quase diabólico (um dia, eu - narrador - terei também mais de 60 anos........), que ambos imaginaram mirabolante contra uma senhora muito "caridosa" (bom, humanista não significa imbecil). "Agora vai dar certo!" Casa um pouco mais distante da tal praça - escolheram como vítima a tal professora (possui muitos livros, boato popular de que gente culta tem muito dinheiro...), mas ainda sem data acertada - ela, familiar do sacerdote, morando no mesmo terreno do ylê. Por acaso, na antevéspera, dois homens grandalhões, um deles carregando enorme serrote, bateram na porta - contratados para o corte de uma árvore, trocaram a posição decorada dos algarismos, da casa 13 para 31, onde os pilantras residiam. Muito calor, entraram rapidinho para copos com água do tanque, agradeceram, saíram. Ficção à vista. A fulana chamou imediatamente uma vizinha do lado par e contou que dois desconhecidos imvadiram a casa e ameaçaram de morte o "marido". (E ainda sem a violência de 2017/18!) Agendo o falso sequestro, ele saiu bem tarde da noite, às escondidas: desapareceu... Ao amanhecer, nada! - o menino foi sozinho para a escola, perguntando pelo "pai"... e ela se dirigiu à 'toca da minha AMIGA Ratinha'. Torceu as mãos, simulou angústia; a professora no passado assistira certas aulas de teatro, 'gestos significativos', e - pior! - como acreditar em nervosinha que chega pedindo sorvete e não a tradicional água com açúcar? Por acaso ia passando uma patrulhinha... "Sequestro com ou sem violência? Roupa dele?" Descreveu camiseta branca recebida de um político, atrás a palavra "apoio". Usou o telefone fixo, ligou fantasiosa para uma advogada moradora em rua próxima, de quem se fizera íntima de repente, "comadre" - chorou sem lágrima alguma, queixa policial somente registrada 24 horas após o desaparecimento. "E se pedirem resgate? (Nenhuma noção de valor econômico...) Três mil reais? Cinco? Dez? Vinte? Um milhão? /Povão ignorante, escravo eterno do salário mínimo, sem a menor noção de valores, modernamente milhão-bilhão nos noticiários das propinas.../ Será que mataram ele? Por quê fizeram isto? Nem dinheiro para as velas (?) do enterro eu tenho..." Minha AMIGA em sentença cruel: "Venda sua alma e pague da sua bolsa para não o devolverem nunca mais!" A 'quase' viúva consultou o pai-de-santo, muito calmo, que apenas fechou os olhos, concentrou-se e respondeu com firmeza, sem desmoralizar ou desmascarar agressivo - que ela sabia onde ele estava! Vigarista, avisado por celular, voltou paa casa. --- Ninguém soube ao certo o que mais possam ter feito, mas houve seria ameaça e foram morar mais distante ainda, novamente expulsos de duas comunidades brabas, o menino como eterno aprendiz. --- A DST agravou-se e foi ajustar contas no "reino lá do sub-solo"... --- E ela? como viver sem o protagonista mentor? --- Final da estória real cabe a cada leitor imaginar. Teriam ido morar em Brasília?

----------------------------OOO------------------------------------

NOTAS DO AUTOR:

1-JEAN-MARTIN CHARCOT - Francês, 1825/1893, clínico, professor de medicina e cientista, co-fundador da moderna neurologia, junto com GUILHAUME DUCHENNE. 2-SIGMUND FREUD - Judeu inglês. 1856/1938, aluno de Charcot, médico neurologista, criador da pasicanálise. 3-PIERRE JANET - Francês, 1859/1947, aluno de Charcot, psiquiatra e neurologista, um dos fundadores da psicologia. 4-CARL GUSTAV JUNG - Suíço, 1875/1961, psiquiatra, fundador da psicologia analítica. 5-JACQUES LACAN - Francês, 1901/1981, neurologista e psiquiatra, sugerido retorno ao Mestre Freud. 6-MELANIE KLEIN - Austríaca, 1882/1960, psicanalista e terapeuta pós-freudiana. 7-IVAN PAVLOV - Russo, 1849/1936, fisiólogo que estudou o reflexo condicinado. 8-MARGARETE URSULA MEAD - Inglesa, 1909/1988, artista plástica que se especializou em plantas da Amazônia Brasileira, especialmente bromélias.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 11/08/2018
Código do texto: T6416038
Classificação de conteúdo: seguro